Repercussão internacional

Financial Times: atos antidemocráticos põem Brasil sob risco

Mesmo com manifestações, popularidade do presidente cai drasticamente. Reuters destaca discurso histórico de Lula
Financial Times: atos antidemocráticos põem Brasil sob risco

Foto: Agência PT

A imprensa internacional repercutiu, neste 7 de setembro, as manifestações golpistas de Jair Bolsonaro. O britânico Financial Times alerta que os atos antidemocráticos colocam o Brasil sob risco institucional. “As manifestações na capital, Brasília, e no centro financeiro de São Paulo, aconteceram no momento em que Bolsonaro incendiou sua base nos últimos meses com uma campanha agressiva contra vários ministros do Supremo Tribunal Federal, a quem ele acusa de abusar de sua autoridade”, relata o Times. Outras agências também registram a queda drástica de popularidade de Bolsonaro e a preferência por uma candidatura de Lula à Presidência. A agência Reuters destacou ainda o histórico discurso de Lula, onde o presidente menciona que é papel de um líder manter acesa a confiança da população no futuro.

“Lula disse que o presidente, no Dia da Independência, deve oferecer esperança de recuperação econômica e solidariedade às vítimas da Covid-19”, aponta a Reuters. “Em vez de anunciar soluções, ele está chamando as pessoas ao confronto … em atos contra a democracia”, disse Lula, acusando o Bolsonaro de semear “divisão, ódio e violência”, destacou a agência.

De acordo com o Financial Times, o ex-capitão do Exército levantou dúvidas sobre o sistema de votação eletrônica do Brasil, dizendo que é sujeito a fraudes, e ameaçou cancelar as eleições no ano que vem se o sistema não fosse alterado para o voto impresso.

“A tensa atmosfera política alimentou temores de que as manifestações possam acabar em violência ou de que os manifestantes invadam a Suprema Corte em um eco do ataque ao Capitólio dos Estados Unidos, em janeiro, por apoiadores de Donald Trump”, diz o jornal britânico.

O FT lembrou as ameaças de morte contra o ministro do STF Alexandre de Moraes e da prisão, no domingo, do apoiador de Bolsonaro que fez o ataque. “A polícia também ampliou o destacamento de segurança de Luís Roberto Barroso, outro juiz que entrou em confronto com Bolsonaro por causa de alegações infundadas de fraude eleitoral, feitas pelo presidente”, apontou o jornal.

Queda de popularidade e inflação
O diário destaca ainda a queda drástica da popularidade de Bolsonaro, “já que sua retórica antidemocrática assustou muitos apoiadores de outrora, especialmente aqueles na comunidade empresarial”.

Já a Associated Press informa que Bolsonaro esta sob uma chuva de acusações de irregulares após a instalação da CPI da Covid, que apura as omissões do ocupante do Planalto na pandemia. “O número de mortos por Covid-19 no país passa de 580 mil, o segundo maior do mundo”, relata a AP News.

A agência também noticia que a inflação se aproxima de dois dígitos e que os custos de produtos essenciais, como alimentos, gasolina e energia seguem ameaçando os índices de aprovação de Bolsonaro. “E os preços da energia devem subir mais devido aos níveis cada vez menores dos reservatórios das hidrelétricas, ignorados por meses. Pode haver racionamento de energia, prejudicando ainda mais qualquer recuperação econômica”, descreve.

Fanatismo
A AP News aponta ainda para o nível de fanatismo dos apoiadores de Bolsonaro, trazendo declarações do fazendeiro Cleber Greco, que defende a remoção imediata dos ministros do STF. À agência, Greco disse estar preparado para dar seu sangue, se necessário. “Não estamos mais pedindo, estamos ordenando”, ameaçou o fazendeiro.

“Este é um momento importante e de muita apreensão”, disse o professor de Ciência Política da Universidade de Brasília Paulo Calmon.“O risco de vermos cenas de violência e uma crise institucional sem precedentes na história recente do Brasil ainda permanece e é considerável”, advertiu.

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