No mesmo dia em que uma reunião no Palácio do Planalto fechou o acordo pela permanência do ministro Luiz Henrique Mandetta no cargo, o Ministério da Saúde divulgou novas orientações para o isolamento social, no Boletim Epidemiológico 7. A nova orientação da pasta aponta para a flexibilização das medidas de isolamento, o centro da queda de braço entre o presidente Jair Bolsonaro e o próprio Mandetta.
O documento de orientação e informação do governo indica que “a partir de 13 de abril, os municípios, Distrito Federal e estados que implementaram medidas de distanciamento social ampliado, onde o número de casos confirmados não tenha impactado em mais de 50% da capacidade instalada existente antes da pandemia, devem iniciar a transição para um “distanciamento social seletivo”.
De acordo com o boletim, os locais que apresentarem coeficiente de incidência 50% superior à estimativa nacional devem manter essas medidas até que o suprimento de equipamentos – leitos, equipamentos de proteção individual (EPIs), respiradores e testes laboratoriais – e equipes de saúde estejam disponíveis em quantitativo suficiente. Isso teria como objetivo promover, com segurança, “a transição para a estratégia de distanciamento social seletivo conforme descrito na preparação e resposta segundo cada intervalo epidêmico”.
Mesmo com os condicionamentos apresentados, a divulgação da medida ocorre no momento em que se tornam públicas as dificuldades de obtenção de EPIs, leitos e respiradores. O próprio Mandetta reafirmou à imprensa o “mantra” de que, até o momento, a única arma que temos para combater o coronavírus é o isolamento social. Nos principais centros urbanos do país, especialistas apontam que, não fosse o isolamento, os números de óbitos já seriam maiores.
Em todo o mundo, a gravidade da pandemia tem sido implacável com decisões que sobrepõem acordos políticos à ciência e aos fatos. Os riscos de afrouxar as medidas por razões políticas ou econômicas já resultaram em graves consequências em outros países. Os Estados Unidos, que pretendiam interromper o isolamento nesta Páscoa, já decidiram ampliar o prazo até o final de abril.
Para o senador Rogério Carvalho (SE), líder do PT no Senado Federal, o ideal é manter a estratégia originalmente definida, para assegurar a eficiência no combate à pandemia. “É preciso manter a quarentena, a intensificação do isolamento social nos moldes que foram definidos no Brasil”, disse.
Além disso, segundo o senador, a quarentena deve estar acompanhada de garantia da renda mínima para toda a população vulnerável, suporte às empresas e aos trabalhadores formais para manter a nossa base produtiva apta à retomada da atividade econômica pós-pandemia.