Flora e Fauna marinha estão sob risco por falta de plano

A biodiversidade marinha e costeira garante o sustento de 3 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Entretanto, ao lado dos efeitos do aquecimento global, como a elevação da temperatura do mar e a absorção em excesso de dióxido de carbono, a sobrepesca (pesca acima do limite de reposição) e a ausência de planos de manejo de resíduos ameaçam a vida dos oceanos. Diante deste cenário, na última semana, especialistas defenderam a criação de mais áreas de proteção marinhas, durante o Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, realizado em Natal (RN).

No Brasil, de 1,3 mil espécies de peixes no bioma marinho, por exemplo, 19 estão em extinção. Dos recifes de corais entre o Rio Grande do Norte e o sul da Bahia, 80% também foram perdidos nos últimos 50 anos. O motivo, de acordo com estudo divulgado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é a poluição industrial, o despejo de esgoto e de adubo (levado pelos rios). Além disso, o desmatamento da Mata Atlântica e de mangues e a retirada de calcário dos corais para a construção civil acentuaram o problema.

Responsável pelo estudo, o professor Mauro Maida observou que a sobrepesca ainda é a principal inimiga dos ecossistemas marinhos. “É preciso lembrar que peixe não cai do céu e que a proteção da cadeia produtiva é o papel das unidades de conservação”, advertiu.

Nos 4,5 milhões de quilômetros quadrados do bioma marinho brasileiro, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, identificou a necessidade de criação de pelo menos 50 reservas extrativistas, uma das categorias de unidades de conservação, até 2014. Diante da exploração intensa e desregulada de itens com valor comercial, as atuais 59 unidades não são suficientes para proteger o uso da zona costeira e não atendem a 5% do total da área, informa o presidente Roberto Vizentin.

“O mar tem toda a potencialidade em recursos para a segurança alimentar e em recursos que estão na base do crescimento industrial, como petróleo e gás. É como no território, se não tivermos uma estratégia de ordenar essa extraordinária riqueza, que já está sofrendo pressão, as atividades no ambiente marítimo ficam cada vez mais vulneráveis”, reconheceu Vizentin. Ele pretende ampliar ainda a área no Pantanal, na Caatinga e Mata Atlântica, que são protegidos em menos de 10%.

Recentemente, a ONU lançou o Pacto para os Oceanos, para que 10% das áreas marítimas e costeiras no mundo sejam alvo de medidas de conservação até 2020 e que até 2015 todos os países criem metas para reduzir o lançamento de poluentes ao mar, além de propor medidas de mitigação. Os oceanos, segundo o órgão, são “o depósito final de calor que dirige o clima, a meteorologia, a fertilização e o fornecimento mundial de água doce”.

Com informações da Agência Brasil

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