Mapa da Fome

Fome avança no Brasil e é mais cruel em lares com crianças

No Sudeste há o maior contingente de pessoas com fome, enquanto no Norte e Nordeste é maior o percentual. Em um ano, a fome praticamente dobrou entre famílias com menores de 10 anos
Fome avança no Brasil e é mais cruel em lares com crianças

Foto: Leonardo Henrique/MST

Após o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 (Vigissan) revelar em junho que 33,1 milhões de pessoas passam fome no país, o detalhamento por Unidades da Federação (UF) aponta como a insegurança alimentar se disseminou durante o desgoverno Bolsonaro. Enquanto estados do Norte e Nordeste apresentam maior percentual de pessoas na situação – principalmente em lares com crianças – os do Sudeste, mais populosos, apresentam os maiores números absolutos.

O levantamento foi divulgado nesta quarta-feira (14) pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). “Trata-se de uma conquista que aprimora o monitoramento da Insegurança Alimentar (IA) no país, em um momento em que a situação se agrava de modo assombroso e quando faltam dados oficiais capazes de nortear as mobilizações e tomadas de decisão”, afirmam os integrantes da Coordenação Executiva da entidade na apresentação do estudo.

“Vimos como o negacionismo científico, o negligenciamento das políticas públicas e a falta de ação coordenada da União com estados e municípios ampliaram a relevância das iniciativas de âmbito estadual”, prossegue o texto. Apesar das desigualdades regionais, “as elevadas desigualdades sociais e os fatores de vulnerabilidade social que marcam a sociedade brasileira são encontrados em todas as UF”, aponta o documento.

Embora Jair Bolsonaro se esforce para negar a realidade, o relatório revela que pelo menos um quinto dos lares passa fome em dez das 27 UF. Em números absolutos, o maior contingente de pessoas com fome está no Sudeste. São Paulo tem 6,8 milhões de pessoas (14,6% dos habitantes), enquanto o Rio de Janeiro tem 2,7 milhões (15,9%). Pará (2,6 milhões, ou 30%) e Ceará (2,4 milhões, ou 26,3%) vêm em seguida.

Nas regiões Norte e Nordeste ficam todos os estados em que mais de 20% das residências sofrem de insegurança alimentar grave. Alagoas lidera a lista, com 36,7% das casas com privação no consumo de alimentos.

Os dados nacionais mostram que quase 60% (58,7%) da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau – leve, moderado ou grave (fome). Em números absolutos, são 125,2 milhões de brasileiros. Na análise por estados, em oito das 27 UFs mais de 70% da população convive com insegurança alimentar.

“Os resultados refletem as desigualdades regionais registradas no relatório do II Vigisan, e evidenciam diferenças substanciais entre os estados de cada macrorregião do país”, aponta Renato Maluf, coordenador da Rede Penssan. “Não são espaços homogêneos do ponto de vista das condições de vida. Há diferenças socioeconômicas nas regiões que pedem políticas públicas direcionadas para cada estado que as compõem.”

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