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Fraude bilionária na gestão Bolsonaro lesou aposentados em plena pandemia

Apuração da PF e da CGU revela blindagem do governo passado para proteger criminosos

Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Fraude bilionária na gestão Bolsonaro lesou aposentados em plena pandemia

Governo Bolsonaro sabia de fraude bilionária e não fez nada

O megaesquema de descontos ilegais operado pela Conafer no INSS, que desviou pelo menos R$ 57 milhões de aposentados e pensionistas, prosperou protegido pelo governo Bolsonaro. As investigações promovidas pela Polícia Federal e pela Controladoria Geral da União revelam que denúncias internas foram ignoradas e apurações esvaziadas por gestores do INSS no governo passado.

Entre 2020 e 2021, a Conafer viu sua arrecadação explodir de R$ 350 mil para R$ 57 milhões. Essa disparada atípica ocorreu justamente durante a pandemia, quando os aposentados — em sua maioria idosos e o grupo mais vulnerável à Covid-19 — eram os principais alvos do esquema ilegal de descontos de mensalidades não autorizadas.

Servidores do INSS que denunciaram o esquema na Polícia Civil do DF entre 2020 e 2021 teriam sido ameaçados de morte. Após as primeiras denúncias, o INSS chegou a suspender a Conafer, em agosto de 2020, mas a reabilitou em apenas três meses, graças a mudanças operadas por uma diretoria alinhada ao governo Bolsonaro.

A manutenção dos repasses milionários teria sido possível devido à atuação de gestores diretamente ligados à gestão Bolsonaro: Leonardo Rolim, José Carlos Oliveira (que depois se tornaria Ministro da Previdência e do Trabalho no governo anterior) e Jucimar Fonseca. Eles trabalharam para esvaziar as investigações internas, garantindo a continuidade do esquema.

O elo político-financeiro foi confirmado por relatórios do COAF, que identificaram transações suspeitas entre o sócio do presidente da Conafer, Carlos Lopes, e o sócio do ex-presidente do INSS e ex-Ministro José Carlos Oliveira.

O esquema foi denunciado por empresário que expôs o esquema de autorizações fraudulentas para descontos pela Conafer, em 2021. Ele relatou ter recebido ameaças dos operadores do esquema. Àquela época, a Polícia Federal, sob o comando de Sérgio Moro, abriu investigação apenas sobre as ameaças, ignorando as denúncias de fraudes. Pouco tempo depois, Moro deixou o Ministério da Justiça acusando Bolsonaro de interferência na PF.

Somente em 2023, com a troca de governo, o esquema começou a ser desmontado. O governo Lula agiu imediatamente, suspendendo convênios, bloqueando descontos e destravando a investigação que culminou na Operação Sem Desconto (2025). Cerca de R$ 1,3 bilhão foi devolvido a mais de 2 milhões de aposentados e pensionistas.

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