A Polícia Federal (PF) investiga uma nova falcatrua do governo bolsonarista com esquema de fraudes em licitações utilizando verba federal por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), envolvida em denúncias de prática de corrupção. As investigações incluem a Codevasf e a Construservice, empreiteira que utiliza laranjas e possui sócio oculto.
De acordo com a reportagem da Folha de S.Paulo, o empresário Eduardo José Barros Costa seria o sócio oculto, também conhecido como “Eduardo DP” ou “Eduardo Imperador”. Ele teria se reunido com o presidente da empresa pública, Marcelo Moreira, para negociar as licitações com empresas de fachada que realizariam as obras para a Construservice.
Portanto, a empreiteira usa empresas de fachada e comanda as licitações sob comando de Bolsonaro, em mais um escândalo de corrupção envolvendo o presidente. De acordo com a matéria, a Codevasf é uma estatal federal entregue por Bolsonaro ao controle do Centrão em troca de apoio político.
Nesta quarta-feira (20), 1,3 milhão em espécie foi apreendido na casa do sócio oculto, que foi preso pela PF. Além desse mandado de prisão, que aconteceu no Maranhão, outros 16 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Além do dinheiro, também foram apreendidos artigos de luxo como bolsas e relógios.
Existe ainda a suspeita de que Costa, igualmente ao esquema da Codevasf, teria ganho licitações com empresas de fachada no estado do Maranhão, utilizando verba estadual.
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Outros crimes
O inquérito foi aberto pela PF em 2021 e também apura, além das fraudes em licitações, outros crimes. Segundo os investigadores, a Codevasf sempre esteve envolvida em esquemas com dinheiro público.
A estatal, controlada pelo centrão do Congresso Nacional, teria sido beneficiada por bilhões de reais em emendas parlamentares por meio do chamado “orçamento secreto”. Por este caminho nebuloso, o relator de lei orçamentária acerta diretamente com aliados de Bolsonaro a liberação de recursos para suas bases eleitorais, sem qualquer critério técnico, garantindo votos favoráveis a projetos do governo no Plenário da Câmara e do Senado. A lista de deputados e senadores beneficiários das emendas, no entanto, não é divulgada. Em resumo: compra de votos com recursos públicos.
A investigação aponta que todos os contratos da Construservice com o governo federal foram firmados após 2019, no governo de Bolsonaro, somando mais de R$ 12,4 milhões de repasses feito por Costa. Desde 2019, o governo reservou para a empreiteira ao menos R$ 160 milhões, tendo desembolsado até agora R$ 14 milhões.
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(Com informações da Folha de S.Paulo e Correio do Povo)