Com muita honra, fui eleito presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal pelos próximos dois anos. Assumi como missão trabalhar pelo diálogo para superação de falsas dicotomias e incentivo à economia verde, com um desenvolvimento sustentável. Espero, por meio da diplomacia parlamentar, ajudar o Brasil a superar a lógica “desmata ou produz” e impedir os cortes e desvalorizações praticados na área ambiental pelo governo federal.
Precisamos nos aprofundar nesse debate para que possamos trazer mais prosperidade para as famílias brasileiras. Hoje, o mundo inteiro coloca a agenda ambiental como prioridade. Precisamos também caminhar nesta direção aqui no Brasil, provando que é absolutamente possível uma convivência entre crescimento, inclusão social e sustentabilidade.
Com todo o potencial natural e humano que temos, não vejo motivos para que o Brasil insista na dicotomia entre preservação e desenvolvimento. Esse discurso é próprio dos que não querem aprofundar este debate e que acreditam que só é possível gerar emprego e crescer, desmatando e provocando queimadas.
Se olharmos experiências de outros países, veremos que não há desenvolvimento integral que não combine um tripé de sustentabilidade econômica, social e ambiental. Enquanto batemos recorde negativo de admissão de novos agrotóxicos, a Holanda, com muito menos recursos naturais, se transforma no segundo país exportador de alimentos. E os EUA elegeram um novo presidente, que determinou, entre outros pontos, limites para a emissão de carbono.
Se continuarmos no caminho dos atuais governantes – com desvalorização dos servidores que trabalham com fiscalização e redução no orçamento da gestão ambiental – cada vez mais terraplanistas seguirão agindo de acordo com o discurso negacionista de um presidente que favorece ações como desmatamento, queimadas e grilagem de terra pública, na contramão do mundo.
É hora de unirmos as diversas frentes com diferentes pensamentos e, assim, colocarmos nossa inteligência a serviço de uma vida mais sustentável para todos e todas. O Brasil tem todo o potencial para voltar a ser referência no setor e liderar uma grande aliança global em defesa da sustentabilidade. Essa é a verdadeira frente ampla contra o negacionismo e é por ela que devemos lutar.
Artigo originalmente publicado no jornal O Povo