Frustrada tentativa de Alckmin de pôr escândalo da merenda na conta da União

Frustrada  tentativa de Alckmin de pôr escândalo da merenda na conta da União

As apurações do Ministério Público sobre o esquema de propina para favorecer fornecedores de alimentos para a merenda escolar – com desvios estimados em mais de R$ 200 milhões – estão cada vez mais próximas do Palácio dos Bandeirantes, a sede do governo paulista.  A mídia cobre o escândalo com preguiça com reportagens esparsas, apesar das investigações envolverem um funcionário graúdo da Casa Civil do governador Geraldo Alckmin. De acordo com o que os jornais paulistas divulgaram nos últimos dias, a partir de gravações feitas pela polícia no âmbito da Operação Alba Branca, Roberto dos Santos, o “Moita”, figura histórica do PSDB paulista e ex-chefe de gabinete do secretário da Casa Civil de Alkmin, Edison Aparecido, orientava o esquema de fraude nas licitações a poucos metros do gabinete do próprio governador. 

A “Máfia da Merenda”, como está sendo chamada a organização criminosa que fraudava licitações e desviava alimento destinados às crianças para restaurantes de várias cidades do interior paulista, também envolve outros tucanos de alta plumagem como o presidente da Assembleia Legislativa e ex-promotor do Ministério Público em São Paulo, Eduardo Capez.

A organização criminosa começou a sair das sombras há cerca de duas semanas, com a divulgação das primeiras informações do inquérito da Alba Branca. O esquema todo funcionava a partir da formação de cartel por três cooperativas de produtores familiares de alimentos, por meio do qual não só definiam os vencedores de licitações de compra de alimento para as crianças em 152 municípios paulistas, como também desviavam alimentos cujo destino final eram as escolas.

alckmin merenda89312Governador Alckmin e o delator Cássio Chebabi: brinde com suco de laranja fornecido pela cartelO governador Geraldo Alckmin tentou desvencilhar-se do escândalo alegando que as cooperativas de produtores de alimentos eram autorizadas pelo governo federal, repetindo modus operandi típico de governos do PSDB de transferir para terceiros responsabilidades que são integralmente suas. Mas não colou: o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), responsável pelo fomento dos produtores rurais familiares, respondeu à insinuação de Alckmin esclarecendo que “as irregularidades denunciadas envolvem o Governo do Estado de São Paulo e prefeituras municipais. Referem-se a comercializações realizadas no âmbito do Programa de Alimentação Escolar, que adquire produtos da agricultura familiar conforme legislação específica”. E arrematou, dizendo que as declarações do governador paulista “parecem inspiradas pela intenção de confundir a opinião pública ante denúncias de irregularidades em seu governo”.

A roubalheira entre as cooperativas ligadas ao PSDB seguia um rigoroso mapa de divisão da rapinagem, conforme foi constatado pela polícia ao encontrar um mapa no computador de uma das empresas envolvidas, a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), com o loteamento do estado por região. Surpreendido pelo flagrante, o ex-presidente da Coaf, Cássio Izique Chebabi, transformou-se em delator e confirmou a combinação de preços.

Também surpreendido pelos desvios receberem orientação de seu próprio chefe de gabinete, o secretário da Casa Civil, Edson Aparecido, tenta desvencilha-lhe do escândalo com duas desculpas – nenhuma delas crível. A primeira é a de que o Moita, seu chefe de gabinete, ocupava-se de pequenas funções, como a de levar documentos de um lado para outro, em resumo, um office boy gourmetizado; a segunda foi a “cobrar” do PSDB a indicação do suspeito Moita para o cargo de confiança em sua secretaria

 

Com informações das agências online

To top