Ricardo Stuckert

Presidente Lula conduz sessão no encontro político da Cop 30
Uma proposta revolucionária, inédita e 100% brasileira para a preservação das florestas ganhou importante apoio na Cúpula de Líderes, que antecedeu a COP 30 em Belém, realizada nesta quinta-feira (6/11).
Fruto do protagonismo do presidente Lula, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, sigla em inglês), proposto por ele na COP28 em Dubai, alcançou no lançamento U$ 5,5 bilhões em aporte. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou, no começo da semana, que a meta é U$ 10 bilhões. O fundo já conta com endosso de 53 países.
O valor foi arrecadado com o aporte de US$ 3 bilhões da Noruega, US$ 1 bilhão da Indonésia, US$ 500 milhões da França e US$ 1 bilhão do Brasil – valor anunciado por Lula em setembro, em evento paralelo à assembleia geral da ONU em Nova York. O presidente publicou longa mensagem na rede X alertando para a gravidade dos efeitos da destruição das florestas e a urgência da concretização do mecanismo proposto por ele.
“Pela primeira vez na história os países do Sul Global terão protagonismo em uma agenda de florestas. As florestas tropicais cumprem uma função essencial para o enfrentamento às mudanças climáticas”, disse ele ao detalhar as consequências da derrubada das matas em todo o mundo.
As florestas deveriam integrar o PIB dos nossos países, segundo Lula. “Os serviços ecossistêmicos que as florestas prestam à humanidade precisam ser remunerados, assim como as pessoas que protegem as florestas. Os fundos verdes e climáticos internacionais não estão à altura dos desafios que a mudança climática nos coloca”, apontou.
Lançamos hoje, em Belém, uma iniciativa inédita: o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). Pela primeira vez na história os países do Sul Global terão protagonismo em uma agenda de florestas.
— Lula (@LulaOficial) November 6, 2025
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“Passo visionário”, disse príncipe Willian
“Temos muito orgulho de dizer que estamos prontos para investir US$ 3 bilhões. O termo ‘mutirão’ lançado pelo Brasil para a COP30 está funcionando e mostra o quanto podemos fazer quando nos unimos”, afirmou Andreas Eriksen, ministro do Clima e Meio Ambiente da Noruega.
Também presente à COP30, o príncipe William, da Inglaterra, chamou o TFFF de “passo visionário” em relação a valorização do papel da natureza na estabilidade climática.
Ao se declarar animado e esperançoso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, exaltou a proposta e estimulou outros países a apoiá-la. “Nosso bloco vai para rua e nós vamos colocar essa ideia ‘made in Brasil’ de pé porque ela é realmente uma marca de tecnologia ambiental que vai ter muito apoio, e precisa ter apoio”, reiterou.
Essa inovação sem precedentes na arquitetura financeira internacional, segundo Haddad, “reunirá capital soberano e privado em um mecanismo robusto e de longo prazo, mobilizando recursos significativos para conservar as florestas tropicais em todo o mundo. O Brasil tem orgulho de liderar esta iniciativa transformadora, que combina ambição climática com cooperação internacional”, comemorou.
Para o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o TFFF concretiza a ideia defendida pelos países desenvolvidos de mobilizar o setor privado em larga escala. “Sua arquitetura híbrida combina capital soberano e investimento privado, na proporção de 1 para 4. Em suma, o TFFF comprova que o multilateralismo pode se reinventar, inovar e produzir resultados concretos diante dos desafios atuais”, assinalou.
Divisor de águas na preservação de florestas
O FTTT deve atingir aportes em torno de US$ 25 bilhões. Para cada dólar de recurso público arrecadado, o Brasil quer US$ 4 de recursos privados. Esse aspecto foi destacado também pela ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, que vê no FTTT um divisor de águas na história da conservação das florestas tropicais. “Essa é a COP da implementação. É possível ter um instrumento que vai financiar a proteção das florestas tropicais”, assinalou.
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, apontou a atuação de seu ministério para garantir o repasse aos povos indígenas. “Conseguimos garantir no mínimo de 20% para apoio direto a povos indígenas e comunidades locais”, disse ela. “Toda essa construção teve participação ativa do movimento indígena”, acrescentou.
“É o Brasil, mais uma vez, protagonista na preservação do meio ambiente e no combate à crise climática”, destacou a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) em seu perfil na rede X.
Em análise no canal ICL, o jornalista Luís Costa Pinto afirmou que “o TFFF é prova do sucesso da COP30. Esse fundo é um sucesso retumbante, é uma criação própria, nativa, original do governo brasileiro, do presidente Lula, da diplomacia brasileira. É uma vitória retumbante”, exaltou ao ressaltar que ele vai financiar povos locais e a manutenção da floresta em pé em todas as florestas tropicais do mundo, além de dar retorno financeiro aos investidores.
“Ele é revolucionário e pode avançar muito mais porque os números do aquecimento global são alarmantes”, assinalou o jornalista.
Proteção a 1 bilhão de hectares de florestas
Ao todo, 34 países com florestas tropicais endossaram a Declaração do TFFF, cobrindo quase 90% das florestas tropicais em países em desenvolvimento, incluindo Indonésia, República Democrática do Congo e China.
“O diálogo com investidores potenciais, públicos e privados, continuará rumo à meta de médio prazo de alcançar um fundo de US$ 125 bilhões, combinando US$ 25 bilhões em capital soberano de países patrocinadores e US$ 100 bilhões de investidores institucionais. Investidores filantrópicos também são incentivados a participar”, publicou o site COP30 Brasil.
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Com os recursos do TFFF será possível apoiar a proteção de mais de 1 bilhão de hectares de florestas tropicais em mais de 70 países em desenvolvimento. A remuneração aos países se dará com base em dados de sensoriamento remoto via satélite, que fazem o monitoramento anual da cobertura florestal.
A estruturação do TFFF liderada pelo Brasil, agregou a parceria com diversos países como República Democrática do Congo, Gana, Malásia, Indonésia, Colômbia, Reino Unido, Alemanha, Noruega, França, Emirados Árabes Unidos, “e contou com valiosas contribuições de Povos Indígenas e Comunidades Locais. O TFFF tem potencial para multiplicar em duas ou três vezes os orçamentos dos Ministérios do Meio Ambiente nos países com florestas tropicais”, informou o site da COP30 Brasil.



