Representantes do G20 – bloco formado pelas 19 maiores economias do mundo mais União Europeia (UE) e União Africana (UA) – chegaram a um consenso sobre a relevância da questão das desigualdades socioeconômicas e firmaram, na segunda-feira (22/7), a primeira declaração em nível ministerial desde o início da guerra na Ucrânia. Sob a presidência do Brasil, os países se comprometeram também em colocar a sustentabilidade e a transição ecológica no centro da agenda internacional.
Co-presidido pelos titulares das Relações Exteriores, Mauro Vieira, do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), e das Cidades, Jader Filho (MDB), o encontro entre os ministros do G20 prioriza, além da redução das desigualdades, o acesso universal à água e ao saneamento básico e a cooperação trilateral em favor do desenvolvimento dos países. O Brasil defende que os mais ricos financiem o combate à fome e à pobreza no mundo.
“Se queremos alcançar as metas estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, é imprescindível que os países tenham em vista a necessidade da mobilização ativa de recursos financeiros internacionais. Faço um apelo para que os países empreendam esforços para o desenvolvimento e aperfeiçoamento dos mecanismos que viabilizem esses recursos”, pediu Vieira.
Em discurso, o chanceler brasileiro lamentou os atuais níveis de desigualdade social nos países e entre eles. “O mundo está cada vez mais desigual. O 1% mais rico do mundo ficou com quase dois terços de toda a riqueza gerada em 2020, segundo dados da Oxfam. Os 10% mais ricos são responsáveis por metade das emissões de carbono no planeta. Em 2020, vimos um aumento da desigualdade global pela primeira vez em décadas, com incremento de 0,7% do índice Gini global”, apontou.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Vieira reiterou ainda o inarredável compromisso brasileiro com a Agenda 2030 e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O ministro das Relações Exteriores elencou as ações empreendidas pelo governo do presidente Lula visando a transição ecológica e o combate à fome e à miséria.
“Retomamos recentemente vários programas com o objetivo de gerar avanços concretos na implementação dos ODS no Brasil, como o Programa Bolsa Família, o Plano Brasil sem Fome, o Plano de Transformação Ecológica, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal e o Plano de Aceleração do Crescimento”, expôs Vieira.
O consenso interministerial do G20 é fruto da diplomacia brasileira, que conseguiu costurar um acordo para que declarações conjuntas acerca dos conflitos internacionais ficassem de fora do grupo de trabalho. “Alguns membros e outros participantes consideraram que essas questões têm impacto na economia global e devem ser tratadas no G20, enquanto outros não acreditam que o G20 seja fórum para discuti-las”, esclarece o documento.
Na contramão
Segundo informações do UOL, fontes do Ministério das Finanças da Alemanha disseram, nesta terça-feira (23), que um acordo sobre a proposta do Brasil de taxar os bilionários mantém-se, por enquanto, fora de cogitação. De acordo com o site, os debates “não estão nem perto de um consenso”, havendo apenas intenções, por parte dos alemães, de evitar ocultação de patrimônio e evasão fiscal.
Aos países do G20, o Brasil apresentou, em junho, a proposta vanguardista de tributação das grandes fortunas, elaborada pelo economista francês Gabriel Zucman, professor da Escola de Economia de Paris e da Universidade da Califórnia. Zucman defende que o modelo progressivo atingiria apenas 3 mil pessoas no mundo e seria capaz de arrecadar, anualmente, entre US$ 200 bilhões e US$ 250 bilhões.
Com informações do MRE, G20 Brasil, UOL