Gabrielli e Graça Foster, ‘convocados’ para depor na CPI

Plano de trabalho prevê que depoimentos da CPI da Petrobras comecem pela atual e pelo ex-presidente da Petrobras.

Gabrielli e Graça Foster, ‘convocados’ para depor na CPI

Pimentel: reação dura contra tentativa de
achincalhe contra a CPI

Por unanimidade e com apoio até mesmo do senador da oposição, Cyro Miranda, do PSDB de Goiás, a CPI da Petrobras aprovou na tarde desta quarta-feira (14) o plano de trabalho apresentado pelo senador José Pimentel (PT-CE). A comissão também aprovou 75 requerimentos – a maioria de convocações de presidentes, ex-presidente, diretores, ex-diretores e gerentes da Petrobras, e responsáveis por empresas citadas no caso – , além de requerer documentos referentes às investigações em andamento pelos órgãos de fiscalização.

Dentre as 75 convocações, apenas três requerimentos são de convites, para o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), José Jorge, para Magda Chambriard, diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (ANP) e para Jorge Hage, ministro da Controladoria Geral da União (CGU). Na próxima semana, serão ouvidos a presidenta da Petrobras, Graça Foster, na terça-feira (20) às 10h15 e, na quinta-feira (22), no mesmo horário, o ex-presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli.

O senador Cyro Miranda tentou aproveitar as convocações para causar constrangimento e sugeriu que o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fosse convocado. Mas sua iniciativa não prosperou. O senador Humberto Costa (PT-CE) fez o encaminhamento contrário, explicando que pedido era desvinculado ao objetivo central da CPI e não continha um propósito específico, a não ser do ponto de vista político.

Assim que terminou a reunião da CPI da Petrobras, o senador da oposição foi o primeiro a ser entrevistado por um batalhão de jornalistas. Ele acusou a CPI dizendo que ela vai ser chapa branca, que será uma farsa e negou que seu pedido de convocação do ex-presidente Lula tenha sido uma provocação. Um repórter perguntou se a CPI vai ser uma reunião de compadres e Cyro Miranda concordou na hora. Mas quando uma repórter perguntou que até a gestão de Fernando Henrique Cardoso foi incluída nas investigações, como o caso da P-36 que afundou e matou 11 trabalhadores, o senador do PSDB mudou o tom. “Tudo tem que ser investigado, mas não da maneira que eles querem”.

Em seguida, o relator José Pimentel concedeu entrevista aos repórteres. O senador começou dizendo que o plano de trabalho tem por objetivo requisitar um conjunto de documentos com o convite para dois ministros – José Jorge do TCU e Jorge Hage, da CGU – que estão investigando a Petrobras. A convocação de cerca de 70 pessoas, desde a presidência atual e a anterior da empresa, além de funcionários, tem por objetivo receber informações que possam esclarecer os dados que são pedidos pela CPI.

O mesmo repórter que perguntou a Cyro Miranda se a CPI seria uma reunião de compadres, fez a seguinte indagação a Pimentel: “A oposição está dizendo aí que isso aí (sic) vai ser uma reunião de amigos, uma CPI chapa branca porque não deixaram chamar o Lula”.

Pimentel foi claro e respondeu: “Aqueles que tratam a imprensa com seriedade e que tiveram o cuidado de acompanhar o plano de trabalho, ao fazer essa colocação, estão descredenciando a sociedade brasileira e, particularmente, agredindo o Congresso Nacional porque não tem nada disso. Se tem um plano de trabalho objetivo, com quesitos claros para que cada depoente preste esclarecimento, com um conjunto de dados para fortalecer a investigação, isso atesta que o interesse tem outra propositura. Queremos uma CPI técnica como é o papel de qualquer CPI”, afirmou.

Uma repórter quis saber o porquê de investigar a gestão de Fernando Henrique Cardoso. Pimentel respondeu que “nós tivemos no início do plano de trabalho, da internacionalização da Petrobras, e no afundamento da P-36, com a lamentável morte de onze trabalhadores, Fernando Henrique Cardoso como presidente da República e ninguém da comissão parlamentar de inquérito está propondo a convocação dele. Essa proposta da oposição é uma provocação porque não quer investigar nada e pretende, simplesmente, montar um palanque político. Só que o Congresso Nacional não aceita fazer esse palanque político em cima da maior empresa brasileira que é a Petrobras”, respondeu.

A repórter continuou e perguntou se não é uma provocação da base aliada incluir investigações – o afundamento da P-36 – de gestões passadas? Mais uma vez, Pimentel foi preciso:  “Se a morte de onze pessoas é uma provocação, eu não entendo o que nós devemos investigar. O que aconteceu na P-36 em 2001 é sério”, enfatizou.

Outra repórter perguntou se a convocação de Lula estaria condicionada à convocação de Fernando Henrique. Pimentel disse que de forma alguma. “Nós queremos uma CPI técnica e é por isso que nós não chamaremos nem um e nem outro”. 

Marcello Antunes

Confira a relação dos requerimentos aprovados na reunião da CPI da Petrobras.

 

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