Principais fracassos do desgoverno Bolsonaro, a geração de empregos e a melhoria do sistema de saúde pública são também as maiores prioridades da população brasileira. É o que diz a pesquisa ‘Retratos da Sociedade Brasileira’, divulgada na terça (9) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), uma das entidades-membro do consórcio que conduziu o ex-militar à Presidência da República.
O combate ao desemprego é considerado prioritário por 41% dos entrevistados. Dentro da margem de erro, a preocupação com a saúde aparece em segundo lugar, com 39%. Completam as cinco primeiras colocações o combate à corrupção (35%), a melhoria da qualidade da educação (34%) e o combate à violência e à criminalidade (25%).
A pesquisa ouviu 2.002 pessoas em todo o país, entre 5 e 8 de dezembro de 2020. Cada entrevistado podia escolher três itens. Em praticamente todos os cortes realizados, a prioridade dos brasileiros para o governo em 2021 é promover a geração de empregos.
Entre a população das regiões Norte e Centro-oeste, o percentual chega a 52%. Já as regiões mais ricas elegeram a saúde como prioridade. No Sudeste, 39% citaram a saúde e 38% apontaram o emprego. No Sul, 46% elegeram a saúde e 45%, o emprego.
Mais da metade (55%) dos brasileiros com renda familiar de até um salário mínimo cita o desemprego entre os três principais problemas. Esse percentual cai a 44% entre os brasileiros com renda familiar superior a cinco salários mínimos. A saúde se mantém como o segundo principal problema em todos os perfis de renda.
Tanto nas capitais quanto no interior, o combate ao desemprego é considerado prioridade, com 41% e 43% de menções, respectivamente. A saúde está na segunda posição para todos os perfis de município considerados.
São duas as exceções. Nas periferias, a prioridade é melhorar os serviços de saúde (44%). Em seguida, melhorar a qualidade da educação, com 40%. A promoção de empregos, nas periferias, cai para a terceira posição, com 37%.
Já a população com ensino superior acredita que a principal prioridade deve ser a melhora da qualidade de educação (41%), empatado com a melhoria de serviços de saúde (39%). A promoção de empregos fica com 37%.
Em 2020, o desemprego já havia sido mais citado pelos brasileiros entre os três principais problemas enfrentados pelo país, em uma lista com 28 problemas. Mais da metade (51%) apontou o desemprego. A diferença para o percentual de brasileiros que citou a saúde como o principal problema era de 10 pontos percentuais (41%). Os dois itens eram também as prioridades apontadas para 2020, na pesquisa realizada em 2019.
Recorde na taxa média de desocupação
O problema constatado na prática pelos trabalhadores foi quantificado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quarta (10), aponta que a taxa média de desocupação atingiu recordes em 20 estados do país em 2020.
Segundo o estudo, a média nacional de desemprego chegou a 13,5% no ano passado. É o pior número desde 2012, início da série histórica. No intervalo de 12 meses, 7,3 milhões de pessoas que estavam ocupadas perderam o emprego. Pela primeira vez, menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada no país. Em 2020, o índice de ocupação ficou em 49,4%. Os estados do Nordeste são os mais afetados.
Outro dado da pesquisa é a queda no número de trabalhadores informais. Em 2019, essa parcela representava 41,1% da população, e em 2020 o número passou para 38,7%, somando 39,9 milhões de trabalhadores nessas condições.
“A queda da informalidade não está relacionada a mais trabalhadores formais no mercado. Está relacionada ao fato de trabalhadores informais terem perdido sua ocupação ao longo do ano. Com menos trabalhadores informais na composição de ocupados, a taxa de informalidade diminui”, explicou a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
A derrocada econômica e sanitária promovida pelo desgoverno Bolsonaro fez o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) despencar neste mês. Segundo a CNI, o indicador teve um recuo de 5,1 pontos em relação a fevereiro. É a terceira maior queda mensal da série histórica, inferior somente às registradas em junho de 2018, após a paralisação dos caminhoneiros, e em abril de 2020, devido à pandemia da Covid-19.