O saldo de operações de crédito no Brasil caiu de R$ 3,147 trilhão para R$ R$ 3,062 trilhão, entre maio de 2016 e fevereiro de 2018, de acordo com o Banco Central. Descontada a inflação, a queda foi de 8,8%.
O resultado foi puxado pela decisão do governo Temer de reduzir o papel dos bancos públicos no estímulo à economia. No período, essas instituições diminuíram o crédito em R$ 131 bilhões.
O movimento da gestão atual é totalmente oposto aos dos governos Lula e Dilma. No início do primeiro mandato do ex-presidente, em 2003, o saldo das operações de crédito no país estava em R$ 384,5 bilhões. Em maio de 2016, o valor mais do que triplicou, mesmo descontando a inflação.
“Para combater a crise econômica em 2008, o governo Lula ampliou o papel dos bancos públicos no crédito para incentivar o consumo e o investimento”, explica o economista Bruno Moretti. Na atual crise, a gestão Temer abre mão de utilizar os bancos públicos como instrumento de recuperação da economia.
O cenário se agrava com a manutenção da taxa de juro real brasileira entre as mais altas do mundo. Um dos índices mais impressionantes – negativamente – é o juro ao consumidor. Por exemplo, a taxa de juro efetiva do cartão de crédito é de 333% ao ano, enquanto na vizinha Argentina é de 47,8% (confira na imagem abaixo).
Os altos juros praticados no Brasil refletem nos balanços das instituições financeiras. Em 2017, o banco Itaú teve lucro líquido de R$ 24 bilhões, alta de 10,7% em relação ao ano anterior. Já o Banco do Brasil lucrou R$ 11 bilhões no período, resultado 37% superior ao registrado em 2016.
O momento deveria ser de estímulo à economia, especialmente com o desemprego em alta. Comparando os dados de abril de 2016, durante a gestão Dilma, com fevereiro de 2018, o índice de desemprego aumentou de 11,2% para 12,6%, segundo a PNAD Contínua. Além disso, em 2017, o Brasil aumentou em 1,7 milhão as ocupações precárias (trabalhadores por conta própria e empregados informais), enquanto foram destruídos 684 mil empregos com carteira de trabalho assinada.
“A combinação de desemprego alto e aumento das ocupações precárias foi determinante para o aumento da desigualdade de renda”, finaliza Bruno Moretti.