Gleisi alerta: CPI para investigar Pasadena mira nas eleições

Gleisi: “me vi na obrigação de
questionar o quê exatamente está
por trás do interesse de se fazer
uma investigação política sobre
esse caso”.

Senadora foi à tribuna para acusar oposição e grande imprensa de oportunismo

Depois dos balanços de início de ano demonstrarem que a condução da economia brasileira está no caminho certo, a mídia tradicional elegeu as transações da Petrobras para ser o novo motivo para uma onda de mau agouro. No foco, está a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006. Sempre beneficiada pelo recorrente pessimismo da grande imprensa, a oposição, mais uma vez, pega carona nas críticas ao processo de aquisição da refinaria para estabelecer um jogo político-eleitoreiro, conforme alertou a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR), nesta segunda-feira (24), ao discursar da tribuna do Senado.

“Diante do que ouvi hoje aqui [no plenário], na imprensa e nas manifestações, principalmente de quem está disputando a eleição presidencial deste País, é que me vi na obrigação de questionar o quê exatamente está por trás do interesse de fazer uma investigação política sobre esse caso”, afirmou Gleisi, em referência às reportagens dos jornais e discursos de oposicionistas que pedem a instalação de uma comissão do Congresso Nacional para investigar a compra da refinaria.

O caso de Pasadena ronda o noticiário e discursos da oposição há cinco anos e já foi objeto, em 2013, de uma audiência pública com o presidente da Petrobras à época da transação, José Sergio Gabrielli. Foi quando o ex-executivo da companhia esclareceu que a compra da refinaria estava prevista nos negócios da companhia desde 1999 – ano em que o tucano Fernando Henrique Cardoso estava na Presidência da República. Desde 2008, o Ministério Público e o Tribunal de Contas da União (TCU) investigam a operação.

“Se já temos o julgamento técnico sendo conduzido, por que quer esta Casa, ou este Congresso Nacional, por meio da Câmara, da oposição, fazer um julgamento político? Estaria aí o interesse do processo eleitoral? Nós estamos em 2014, um ano de eleição”, alertou a senadora. “O Congresso tem de refletir sobre o seu valor, sobre a sua importância como instituição que não admite ser utilizada como arma eleitoral. Está em jogo também a imagem da nossa estatal. Será que não estariam de volta os interesses em sua privatização?”, completou.

Gleisi observou que o discurso casuísta contra a Petrobras não tem compromisso com os interesses da população. “Não vi ninguém, com a mesma ênfase, vir aqui a esta tribuna defender os interesses do povo brasileiro e do setor produtivo, que pagam pela conta de combustível deste País, da gasolina e do diesel, para que este País possa produzir, gerar empregos e melhorar a vida de sua população. Falava-se aqui única e exclusivamente sobre os interesses de mercado”, ressaltou.

Nota presidencial

Como membro do Conselho de Administração da Petrobras que autorizou a aquisição da refinaria de Pasadena em 2006, a presidenta Dilma Roussef soltou uma nota, na semana passada, para esclarecer a operação. O texto informa que o voto a favor da compra estaria baseado em parecer falho, jurídica e tecnicamente. Segundo a presidenta, se soubesse de duas cláusulas omitidas no parecer não teria aprovado, não pelas condições econômicas do negócio à época, mas porque as cláusulas eram contrárias aos interesses da estatal. Tanto a Petrobras quando duas consultorias de renome internacional – a Cera e a Mckinsey – recomendavam a operação.

“Me admiram muito as colocações que têm sido feitas a respeito da competência, da capacidade e da integridade da presidenta Dilma, uma pessoa que tem dedicado a este País, a este Governo e às questões de interesse público a sua vida. Ela não escondeu nada da população e não tinha por que esconder, porque em 2008 fez essa cobrança em relação às cláusulas e nos deu uma lição, a todos nós, gestores públicos ou não: devemos sempre ter compromisso com a verdade e, se falhamos, devemos reconhecer, porque antes de tudo, de sermos gestores, de sermos políticos, antes de tudo, somos seres humanos. Portanto, somos seres humanos que podemos cometer falhas e somos falíveis”, frisou Gleisi Hoffmann.

Ao lado de Dilma, também estavam no Conselho da Petrobras outros indicados com larga experiência em gestão, principalmente no setor privado, como o renomado economista Cláudio Haddad; Fábio Barbosa, que hoje dirige o Grupo Abril S/A; e Jorge Gerdau, que embora não estivesse presente no dia do conselho, acompanhou toda a discussão.

Catharine Rocha

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