“Eu fui vítima dessa história. Criaram essa tese inverídica e a divulgaram em todo o País, mesmo sem apresentar qualquer indício ou fato”, lembrou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), em pronunciamento ao plenário, nesta quarta-feira (4).
Citando postagem do jornalista Sérgio Léo no microblog Twitter (ele questiona: “O desemprego caiu, segundo a nova PNAD do IBGE. E agora, como fica aquela tese de que governo quis adiar a divulgação para maquiar o índice?”), a senadora cobrou o fato de ter seu nome associado indevidamente,ao longo de dois meses, a uma suposta tentativa de manipular indicadores da economia.“E eu sei quando isso começou. Foi quando a jornalista Miriam Leitão, do jornal O Globo, me acusou, sem nenhuma razão objetiva, de investir contra a autonomia do IBGE por temer que os novos índices do desemprego pudessem “reduzir o brilho de um dos números a se mostrar na campanha da presidenta Dilma: o da taxa de desemprego de 5%”.
Agora que os fatos desmentiram a tese da colunista de O Globo — e na qual embarcaram alegremente diversos integrantes da grande imprensa e da oposição — Gleisi afirmou que vai esperar, “com muita paciência, que os jornais e os jornalistas que pontuaram sobre esse tema voltem a abordar a pesquisa do IBGE” e expliquem como fica a história de “maquiagem de índices” criada por eles.
Os ataques a Gleisi começaram quando ela e o senador Armando Monteiro (PTB-PE) apresentaram um requerimento ao Ministério do Planejamento para saber mais sobre mudanças feitas no cálculo do Fundo de Participação dos Estados (FPE). A Lei do FPE foi modificada, justificando a medida do IBGE de alterar a pesquisa que calcula uma das variáveis (Renda Domiciliar per capita) usadas no cálculo dos repasses. “Nosso questionamento foi para verificar questões metodológicas da pesquisa, uma vez que a variável será utilizada no cálculo do novo rateio, ou seja, o resultado implicará a definição dos percentuais de distribuição do fundo, resultado em uma distribuição para todos os Estados brasileiros”, detalhou Gleisi.
Resposta a tucano
Antes, também na sessão desta quarta-feira, Gleisi já havia rebatido, em aparte no plenário, o senador Cyro Miranda (PSDB-GO), que repetia a apocalíptica arenga que vem caracterizando os discursos tucanos: “Tudo o que se fala hoje do Brasil é negativo. Indica uma paralisia generalizada do governo da presidente Dilma”, repetiu. Amparado em manchetes da grande imprensa, Miranda anunciava o caos, ignorando as pesquisas de opinião pública: “Há hoje um consenso no Brasil: o governo é um fracasso, o pior nunca antes visto na história republicana do Brasil”. A senadora petista rebateu: “Estou ouvindo o seu discurso tão enfático contra os governos da presidenta Dilma e do presidente Lula, e fico pensando como as pessoas beneficiárias de tantos programas e de tantas ações recebem essa sua fala”, disse Gleisi.
A senadora elencou uma série de iniciativas dos governos petistas —14 mil médicos para atender à população, 18 novas universidades federais, o ProUni e o Fies, para permitir que estudantes pobres possam ter acesso ao ensino superior, 200 instituições federais de ensino tecnológico, as 3,7 milhões de moradias já contratadas pelo Minha Casa, Minha Vida — e retrucou: “Já desafiei esse plenário a me dizer qual outro país, em tão curto espaço de tempo, incorporou 36 milhões de pessoas ao consumo, tirando-as da miséria”.
Para Gleisi, as palavras do tucano não têm “adesão à realidade”. Ela citou a Miranda uma lista de benefícios já levados pelos governos petistas ao estado do tucano, o que levou o governador de Goiás — também integrante do PSDB — a elogiar a presidenta Dilma, em recente visita da presidenta ao estado. “Eu mesma fui testemunha do socorro que oGoverno Federal deu às Centrais Elétricas de Goiás”. A senadora também lembrou o PAC do Entorno, programa de desenvolvimento das cidades goianas que ficam no entorno de Brasília, iniciativa federal para ajudar a vencer as carências locais. O senador do PSDB calou-se.
Gleisi lamentou que os opositores do governo ignorem a realidade em suas críticas ao governo. “Desconhecer os avanços conquistados é ir longe demais”. Afirmou a senadora, destacando que divergências de concepção política e sobre a condução de governo são parte da democracia, mas que sempre será necessário amparar-se em fatos para fazer o debate político.
Cyntia Campos