O uso da “cultura do medo” durante a campanha eleitoral – deixando de lado o debate nacional e evidenciando mentiras como o “kit gay” – é um método ainda adotado pela gestão Bolsonaro para justificar a destruição dos avanços da educação pública no Brasil. A busca de estratégias contra esse ataque é um dos focos do Seminário Nacional de Educação do PT.
Durante o evento – que ocorre entre os dias 15 a 16 de fevereiro, em Brasília (DF), a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que é preciso defender o legado de Lula como forma de proteger as conquistas obtidas pela população nos últimos anos.
“É importante defender o nosso legado em todas as áreas. Daí o porquê ser fundamental a centralidade em Lula. Defender Lula , por ser inocente, é também defender os avanços na educação pública e em diversas outras áreas”, disse a presidenta do partido.
O seminário é organizado pela Comissão Nacional de Assuntos Educacionais do PT (Caed). Segundo os responsáveis pela inciativa, o objetivo é criar uma resistência para impedir retrocessos na educação pública.
“Pretendemos sair com nível de organização e intervenção que possa dar margem à luta, à resistência e a defesa da educação para o fortalecimento da democracia”, afirmou a deputada estadual Teresa Leitão (PT-PE), coordenadora nacional do Caed.
Durante o evento, os participantes destacaram a necessidade de desconstruir o discurso de Jair Bolsonaro e seus seguidores sobre o chamado “inimigo interno”, que prega o ódio ao PT e à esquerda ao invés de apresentar propostas concretas para áreas como a educação.
“Precisamos elevar o nível de organização com os movimentos sociais, construir narrativas e disseminar essas narrativas através das redes sociais”, defendeu a deputada federal Erika Kokay (PT-DF).
Maior acesso às universidades públicas
Nos treze anos em que o PT esteve à frente do governo federal, foram tomadas medidas, em todas as etapas e modalidades da educação, para democratizar o acesso e a qualidade nas unidades de educação básica e no ensino superior.
Além de aumentar os recursos para a educação para atender a demanda, as vagas para o ensino superior público dobraram no período. Foi aprovada a reserva de vagas de 50% para os alunos que cursaram todo o ensino médio em escolas públicas em todos os cursos e turnos nas universidades federais.
Até que essas medidas fossem tomadas, os estudantes das escolas públicas ocupavam cerca de 48% das vagas nas federais, só que, apenas nos cursos considerados de menor prestígio e com pequena disputa. Com os governos do PT, os estudantes advindos da escola pública ocuparam metade das vagas em qualquer curso e turno nas universidades federais.
Manipulação
Um exemplo de como o governo Bolsonaro age para manipular a população no tema da educação foi citada pelo ex-deputado federal Carlos Abicalil. Ele lembrou a entrevista concedida pelo ministro da Educação Ricardo Vélez Rodrigues em fevereiro à revista Veja.
Vélez afirmou que foi “marginalizado” na concessão de bolsas de doutorado e pós-doutorado. “Nunca consegui uma bolsa por causa do aparelhamento do MEC [Ministério da Educação] pelos petistas. Eles já tomavam conta do ministério desde os anos 1990”, disse o ministro. O problema é que o PT sequer estava à frente do governo federal no período, o que desmente o suposto aparelhamento do órgão federal.