De acordo com Gleisi, as medidas populistas adotadas por Beto Richa, quando prefeito da capital paranaense, destruíram a qualidade do serviço
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) denunciou, em pronunciamento ao plenário nesta quarta-feira (8), a degradação da qualidade do transporte público de Curitiba (PR), que já foi apontado como modelo no País. “Transporte de massa exige planejamento e, sobretudo, investimentos constantes, para que o sistema se atualize e se mantenha eficiente, garantindo a mobilidade de quem vai para o trabalho, para a escola, para o lazer”, lembrou Gleisi.
“Infelizmente, o planejamento na região metropolitana de Curitiba foi substituído pelo improviso e os investimentos, pela demagogia”, denunciou a senadora, que responsabiliza o atual governador Beto Richa (PSDB) pela deterioração do serviço.
O transporte público de Curitiba e sua região metropolitana foi uma referência para grandes cidades de diversos países. “Muitas metrópoles mundo a fora importaram as soluções originalmente adotadas em Curitiba”, lembrou Gleisi.
O modelo de transporte coletivo curitibano, com suas canaletas exclusivas para a circulação, as estações-tubo e veículos biarticulados virou uma marca de um sistema desejado por usuários de todo o país. “E uma das características mais importantes era a integração da tarifa, que permitia ao passageiro pagar uma passagem de ônibus e posso andar pela cidade inteira ou se conectar com a região metropolitana, nos terminais, sem a necessidade de pagar um segundo bilhete”, explicou a senadora. Essa integração da tarifa, porém, já não existe mais.
Segundo Gleisi, as medidas populistas adotadas por Beto Richa, quando prefeito da capital paranaense, destruíram a qualidade do serviço. “A redução da tarifa sem pagamento do subsídio correspondente preparou o desequilíbrio do sistema integrado”, relatou a senadora. O resultado é o desconforto, o tempo perdido a espera do transporte e o aumento da despesa com transporte pesando justamente sobre o cidadão de menor poder aquisitivo, como, em geral, é o usuário de ônibus.
A senadora leu em plenário uma reportagem do jornal Gazeta do Povo mostrando o chamado “efeito ‘pula-catraca” em Araucária, município da região metropolitana de Curitiba, mostrando a situação humilhante vivida por trabalhadores obrigados a passar por cima das catracas dos ônibus por não terem como arcar com o pagamento de mais de uma passagem em seus deslocamentos, desde que acabou a integração das tarifas.
Gleisi também denunciou o uso eleitoral de subsídios ao transporte público levado a cabo por Beto Richa. A senadora relatou que em 2012, já governador do Paraná, Richa instituiu um subsídio estadual para reequilibrar o preço das passagens de ônibus, temendo que as dificuldades para manter o sistema integrado prejudicassem o prefeito da capital, candidato à reeleição e apoiado por Richa, Luciano Ducci. “Passadas as eleições e o com seu candidato derrotado, o governador passou a dizer que não podia mais manter o subsídio, porque isso seria transferir para o estado responsabilidades dos municípios. No período da eleição podia. Passada a eleição, com a derrota de seu candidato, não podia mais?”.
O subsídio foi cortado este ano, já que as finanças do Paraná estão em estado crítico. Como as prefeituras da região metropolitana nunca tiveram condições de subsidiar a tarifa, o resultado foi a desintegração do sistema, com custos diferenciados em cada cidade. “O que era um diferencial para a nossa capital e região metropolitana, a qualidade do transporte coletivo e a integração, passou a ser o pior exemplo de administração pública”, lamentou a senadora. Ela fez um apelo ao governo do estado para que reconsidere e volte a pagar o subsídio, permitindo a reintegração das tarifas. “Não é possível que a população, principalmente a população mais pobre pague essa conta”, concluiu Gleisi.