Gleisi: “Eu não posso ficar calada aqui e ouvir que eu estou tentando fazer aliciamento de testemunha”A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) esclareceu, nesta sexta-feira (26), em plenário, que a professora Esther Dweck, que seria testemunha de defesa no processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, não está nomeada para exercício em seu gabinete e nem possui qualquer vínculo empregatício com o Senado Federal.
De acordo com a senadora, existiu uma requisição para que a professora pudesse assessorá-la na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), presidida por Gleisi. Porém, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o Ministério da Educação ainda não liberaram Esther para atuar no Senado. A solicitação foi feita pela senadora Gleisi Hoffmann no último dia 24 de maio.
Durante o julgamento da presidenta Dilma, ontem, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) utilizou reportagem do jornal O Globo para desqualificar o depoimento da professora, afirmando que Esther já era funcionária do gabinete da senadora Gleisi.
“Eu não posso ficar calada aqui e ouvir que eu estou tentando fazer aliciamento de testemunha. Ora, Esther Dweck é parte integrante desse processo, foi secretária de Orçamento Federal da presidenta Dilma. É um cargo comissionado. Portanto, as afinidades políticas ou as afinidades de confiança da Esther não estão em questionamento aqui”, destacou.
A senadora Gleisi Hoffmann ainda lembrou que Esther Dweck trabalhou no Ministério do Planejamento e foi assessora de Política Econômica. “Eu só acho que a não presença da Esther Dweck aqui não é prejudicial a mim ou a ela; é prejudicial ao juízo, porque participou do processo, assessorou a presidenta da República na formatação dos decretos. Ela teria que vir aqui, inclusive, para explicar atos e fatos de que ela fez parte, o que seria importante para o esclarecimento deste plenário”, explicou.
Após a tentativa de aliciamento da testemunha de defesa por parte de membros da base do governo golpista, o advogado da presidenta Dilma, José Eduardo Cardozo solicitou a dispensa do testemunho da professora Esther.
“Na política, a vingança é sempre maligna, percebo que haverá uma intenção de desqualificar, pessoalmente, a professora Esther Dweck. Ela participou diretamente do processo dos decretos, é uma pessoa que tem grande informação a respeito e por isso foi chamada como testemunha. Não quero expor a doutora Esther à ataque de vingança. Eu zelo pela dignidade humana”, disse, destacando que sempre faz acusações processuais quando estas têm de ser feitas. “Não vou expor a figura de uma professora universitária a um tipo de execração política por represália”, emendou.
Na sequência do julgamento, para evitar outros momentos de tensão entre os senadores legalistas e golpistas e também para preservar a integridade moral das testemunhas da presidenta Dilma, a defesa solicitou que o depoimento de Luiz Gonzaga Belluzzo e Ricardo Lódi Ribeiro fossem tomados na condição de informantes.
Leia mais:
José Pimentel desmonta tese da principal testemunha de acusação
Humberto cobra que governistas elevem o nível no julgamento do impeachment