Gleisi: maior programa de disposição de profissionais |
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) discursou no plenário na tarde desta quinta-feira (24), para registrar os avanços que o Programa Mais Médicos traz à população do País, especialmente aos 49 milhões de brasileiros que passaram a ter acesso à atenção básica em saúde. Essa nova realidade tem relação direta, segundo a parlamentar paranaense, com os 14 mil médicos brasileiros e estrangeiros que, hoje, prestam serviços aos moradores das periferias das grandes cidades e dos municípios do interior do País.
Gleisi recordou que, na condição de ex-ministra da Casa Civil, teve a oportunidade de participar da elaboração e da estruturação do programa, desde o início de 2012. A senadora explicou que, inicialmente, a intenção era criar mais vagas nos cursos de medicina a fim de resolver demanda reprimida – depois do lançamento do programa, prefeituras registraram pedidos que somaram 16 mil médicos. Enquanto o Brasil conta com 1,8 mil desses profissionais por mil habitantes, essa proporção chega a 3,2 na Argentina, a 3,7 no Uruguai, a 3,9 em Portugal e a 4 na Espanha.
“Por isso tínhamos tantas reclamações de prefeitos, governadores, que não conseguiam contratar profissionais para atender a população, nem nos grandes centros, que dirá nas periferias e no interior dos estados do País”, afirmou. “Portanto, a presidenta pediu que nós, num grupo de ministérios, pudéssemos fazer um diagnóstico sobre a realidade da saúde, a infraestrutura de saúde, o número de vagas em cursos de Medicina e o que nós precisávamos fazer para aumentá-las.”
A decisão pela criação do programa teve fundamentos em números que revelam uma discrepância entre a estrutura de saúde e a formação de médicos no Brasil. “Enquanto tivemos um aumento, nos últimos cinco anos, de 13,4% na formação de médicos, houve um aumento de 17,3% nos leitos hospitalares, de 44,5% nos estabelecimentos médicos e 72,3% nos equipamentos de medicina”, disse Gleisi. “Estava claro para nós que um dos grandes problemas a serem enfrentados na área da medicina, na área da saúde era a disponibilização de profissionais para atender a população brasileira.”
A senadora também citou os investimentos do governo federal em prol da saúde pública, ações que ampliaram a demanda por profissionais desse ramo no País. Hoje, 27 mil unidades básicas de saúde estão em construção ou passam por ampliação ou reforma, isso graças ao investimento de R$ 5,2 bilhões. Há também a destinação de R$ 1,1 bilhão para estruturas de pronto atendimento, mais R$ 3,9 bilhões para hospitais, além de R$ 2 bilhões em novos hospitais universitários. “Nos últimos dez anos, formamos 93 mil médicos no Brasil, mas criamos, ao mesmo tempo, 146 mil postos de emprego na área da medicina”, explicou.
Gleisi destacou que, simultaneamente ao atendimento da demanda das prefeituras por médicos, inclusive com a vinda de profissionais do exterior, o governo federal está empenhado em resolver estruturalmente o déficit que há no mercado de trabalho. Até porque, conforme lembrou a senadora, o curso de medicina dura oito anos “Nós conseguimos identificar no nosso País a possibilidade de criar mais 11,5 mil vagas de graduação e mais 12,4 mil bolsas de formação de especialistas, ou de residência, para formar médicos”, disse a senadora. “No Brasil, nós pretendemos formar até 2026, contando com essas vagas criadas até 2017, 600 mil médicos, e hoje, nós estamos formando 374 mil.”
Conforme números que a parlamentar citou na tribuna, só no Paraná, seu estado, são 2,6 milhões de pessoas que estão recebendo atendimento por meio dos profissionais do Programa Mais Médicos. “Isso tudo faz parte de um grande programa, de um grande investimento na área de saúde que a Presidenta Dilma está fazendo, e que tem sensibilidade”, argumentou. “Esse é o maior programa de disposição de profissionais médicos à população de que temos notícia no mundo, mas que foi inspirado no exemplo de outros países, inclusive os Estados Unidos, que se utilizaram de convênios semelhantes.”
Gleisi Hoffmann contou da experiência que viveu ao visitar municípios onde a população pode dispor dos serviços de atenção básica em saúde por meio do médicos estrangeiros e brasileiros “Temos depoimentos emocionantes, são pessoas que choram, que dizem que nunca acharam que teriam um atendimento médico de qualidade, que o médico parasse para ouvi-las, para examiná-las, para tocá-las, para saber o que de fato elas têm, que ficasse com elas mais de dez minutos em um consultório”, relatou.
A senadora também registrou os elogios da população aos médicos contratados por meio do programa. São mães falando satisfeitas com a assistência médica prestada a seus filhos e a elas próprias. “Os profissionais que nós temos no País, mas principalmente os profissionais cubanos, dão uma demonstração de humanismo no trato com as pessoas impressionante em termos de simplicidade, de participação na vida da comunidade na qual estão inseridos”, disse.
Gleisi informou que o Governo do Paraná deixou de aplicar, em 2013, mais de R$ 400 milhões na saúde pública, conforme determina a Emenda Constitucional 29. “Foi um dos poucos Estados da Federação que não conseguiu investir 12% das suas receitas na saúde pública”, criticou. “Lamento muitíssimo essa situação, muito mesmo, porque a saúde é algo prioritário, essencial à vida da comunidade, à vida da população, e precisa ser priorizada pelos governos”, encerrou.