Os primeiros movimentos do futuro governo Bolsonaro confirmam as piores expectativas que se formaram ao longo de um processo eleitoral anômalo, no qual tudo foi feito, de forma ilegal e arbitrária, para impedir a vontade do povo de eleger o ex-presidente Lula.
Esse futuro governo aponta para a criminalização dos movimentos sociais e o banimento da oposição, a começar pela esquerda; para o aprofundamento de um modelo econômico que exclui a maioria da população e privilegia os donos da fortuna; para a entrega das riquezas nacionais e a submissão do país à política externa dos Estados Unidos.
O mais grave desses movimentos foi a indicação, com aceitação, de Sérgio Moro para o Ministério da Justiça. Moro atuou nos últimos anos com objetivos políticos que agora se revelam indisfarçáveis; foi agente central no processo político brasileiro, manipulando as investigações da Lava Jato em cumplicidade com a grande mídia, para impulsionar o golpe do impeachment e a prisão do maior líder político do país.
A indicação de Moro, como confessou o vice-presidente do futuro governo, foi negociada durante a campanha eleitoral. E nesta campanha ele interferiu bloqueando uma ordem superior de libertação de Lula, adiando um depoimento em que o ex-presidente poderia se defender e dando publicidade a um depoimento mentiroso de Antonio Palocci, às vésperas do primeiro turno, prejudicando a campanha de Fernando Haddad.
O mundo está chocado com esse episódio, que desnuda a parcialidade e a arbitrariedade do juiz que condenou Lula e o manteve ilegalmente preso. Mas é ainda mais grave: o Ministério da Justiça de Moro foi redesenhado para atuar como um verdadeiro ministério da perseguição política, reunindo instrumentos típicos de um estado policial.
Os 47 milhões de votos recebidos por Haddad em defesa da democracia, num processo eleitoral fora da normalidade, conferem ao PT a responsabilidade de impulsionar a defesa da Constituição, dos direitos do povo e da soberania nacional, numa ampla frente política e social. A escandalosa indicação de Sergio Moro deixa claro que nossa primeira tarefa é deflagrar uma campanha por um julgamento justo para Lula.