Gleisi Hoffmann: PT atuou para maior presença feminina na política

A exigência de mulheres para a ocupação de cargos de direção no partido remonta a 1991

 

Durante celebração do Dia Internacional da
Mulher, senadora resgatou ações pela
igualdade de gênero no Partido

Em 1991, uma decisão pioneira do I Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores contribuiu de maneira decisiva para ampliar a participação das mulheres na política institucional. “A luta das mulheres teve um grande avanço em termos de representatividade política quando o PT aprovou a cota mínima de 30% de participação de mulheres em todos os níveis da direção partidária”, lembrou nesta terça-feira (25) a senadora Gleisi Hoffmann (PR) ao falar em nome da bancada do partido no Senado durante sessão especial do Congresso em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.

“Aquela foi uma decisão histórica da qual nos orgulhamos e que pauta, ainda hoje, a nossa intervenção na sociedade”, afirmou Gleisi. “As mulheres, em números sem precedentes, passaram a ocupar espaços de decisão no Partido, assumindo diretórios, secretarias e candidaturas a cargos legislativos e executivos. Vivi isso de perto e posso dizer que minha trajetória política está associada a essa medida”. Para a senadora, a política de cotas do PT deve ser inscrita entre os legados do partido na construção de uma sociedade mais inclusiva e participativa. No IV Congresso petista, em 2011, a cota de gênero foi ampliada de 30% para 50%.

A contribuição do PT para a ampliação da representação feminina na política também está expressa no empenho da senadora licenciada e ministra da Cultura, Marta Suplicy, para ver aprovado seu projeto que tornou obrigatória uma cota mínima de mulheres nas chapas partidárias que disputam eleições proporcionais. Esse sistema foi instituído 1995, quando a proposta de Marta, subscrita por mais 30 deputadas, tornou-se lei – originalmente estava prevista a destinação de 20% das vagas para mulheres, contudo hoje esse percentual chega a 30%.

“Mas a participação das mulheres na política ainda é muito baixa”, lamentou Gleisi. “Somos mais da metade da população e a igualdade entre homens e mulheres é condição para a modernização do nosso sistema político”, afirmou a senadora, que considera a reversão da sub representação feminina essencial para a construção de um Brasil mais justo. “Um país fica muito melhor quando estimula a participação paritária de mulheres e de homens nas funções de poder, não só por uma questão de justiça, mas porque isso beneficia todos”. Esse desafio, porém, passa pelo abandono de conceitos equivocados, mas profundamente arraigados no imaginário da maioria da população.

A luta pela paridade começa, por exemplo, por uma profunda mudança na divisão de tarefas, segundo avalia a senadora. Gleisi citou pesquisa da Fundação Perseu Abramo que revela realidade estarrecedora: nas unidades familiares em que os casais coabitam, somente 2% dos homens são os principais responsáveis pelo trabalho doméstico e apenas 18% dos homens colaboram com as companheiras nessas atividades. “E por que isso acontece? Porque, primeiro, acredito, a mulher se sente responsável pelo bem-estar dos filhos e da casa, mas acredito igualmente que se convencionou na sociedade machista que ela, mulher, deve ser encarregada de responder pelas tarefas do lar, mesmo ao custo de cumprir jornada de trabalho de três turnos em todos os dias da semana”.

Mais grave, porém, é o trabalho de desconstrução das vocações e talentos das meninas, desde muito cedo, quando esses não expressam a tendência a se dedicar a atividades restritas à esfera do lar ou às profissões mais identificadas com o cuidado. “O preconceito pesa sobre a mulher desde que ela é criança. Se a menina tem espírito de liderança, ela é imediatamente rotulada como mandona”, cita Gleisi. “A verdade é que persiste uma clara expectativa para cada sexo: os homens tomam as decisões, e as meninas desempenham papéis secundários”.

A senadora destaca que a palavra mandona tem conotação negativa para as mulheres. “Por trás dela, estão estereótipos profundamente arraigados sobre gênero. Quando chamamos uma menina de mandona, isso não só prejudica sua capacidade de se enxergar como líder, mas também influencia a forma como ela é tratada por outras pessoas”. A senadora citou a presidenta Dilma, várias vezes descrita como exigente, mandona, autoritária e de temperamento difícil. “Na verdade, a presidenta Dilma exerce sua autoridade, foi eleita para liderar o Poder Executivo e cumpre sua missão com sentido público e com responsabilidade. É inquietante pensar que, mesmo entre pessoas que consideramos educadas e civilizadas, sobrevivam preconceitos enraizados que buscam desvalorizar as mulheres quando elas assumem postos de comando.”

A parlamentar representante do Paraná entende que o preconceito, porém, não impede que as mulheres estejam “prontas e saibam exatamente o que querem”. E o que elas querem, afirma a senadora “é o mesmo que os homens: amor, família organizada, carreira significativa, direitos respeitados. Sim, as mulheres querem vidas completas, porque estão buscando autonomia, respeito e dignidade, para construir um Brasil melhor para nós, para nossas filhas e para nossos filhos, um Brasil que possa se distinguir no mundo como uma Nação fortalecida pelo cumprimento dos direitos humanos”, concluiu.

Cyntia Campos

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