Gleisi: proposta de Temer voltada à elite é tragédia para os mais pobresA senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) rebateu, nesta segunda-feira (13), a afirmação do senador José Medeiros (PSD-MT) de que está havendo, na Comissão Especial do Impeachment no Senado, um cerceamento da acusação e não da defesa da presidenta Dilma Rousseff. Na visão estreita do correligionário de Temer, não há em curso um golpe parlamentar e o País, segundo ele, está em plena normalidade. Gleisi não disse, mas poderia ter afirmado “menos Medeiros, menos”.
Para a senadora, o golpe existe e não está só na retirada da presidenta legitimamente eleita por 54 milhões de brasileiros ou porque o processo de impeachment está sendo malfeito e não estão deixando ocorrer o devido direito de defesa.
Gleisi diz que é um golpe porque estão colocando como programa de governo algo que não passou pelas urnas. “Eu duvido e gostaria que algum senador, aqui, me dissesse se passaria pelas urnas uma proposta de governo como essa; se Michel Temer se elegeria, dizendo que iria desvincular recursos da saúde, da educação e que não iria fazer o reajuste real do salário mínimo. Duvido. Duvido que isso passaria. Não passaria. É só com um golpe mesmo”, disse a senadora ao rebater Medeiros.
A senadora explicou ao colega que é um golpe porque as propostas atrasadas de Temer e endereçadas à elite não consideram a vontade do eleitor. Na área econômica, por exemplo, um economista tucano, o banqueiro Edmar Bacha, defendeu sem ruborizar que está certo quando Temer defende pagar R$ 400 bilhões de juros aos rentistas cortando direitos sociais e programas inclusivos.
“Essa proposta pode ser da elite brasileira, pode ser de parte do Congresso, pode ser daqueles que o colocaram lá, mas vai ser tragédia para o povo brasileiro, vai ser uma tragédia para os mais pobres. É isso que nós vamos ter de resultado”, disse ela.
Presidenta da Comissão de Assuntos Econômicos, Gleisi também alertou os colegas para o atraso que significa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que está sendo gestada no seio do governo provisório e que irá instituir um teto para o gasto público, sendo reajustado pela inflação de um ano para o outro. A desvinculação das receitas da União significa acabar com o investimento mínimo da União em Educação, em Saúde, em Assistência Social, por meio de programas inclusivos como o Bolsa Família e O Minha Casa Minha Vida.
“Espero que o presidente interino volte atrás, como voltou em tantas outras ações. E, se encaminhar a proposta, que nós a rechacemos”, recomentou.
Atentado em Orlando
Em discurso na tarde desta segunda-feira (13), Gleisi solidarizou-se com as famílias e os amigos das 50 vítimas assassinadas ontem numa boate em Orlando, nos Estados Unidos. “O terrorismo deu ao mundo mais um evento de ódio, preconceito e, sobretudo, de fraqueza, de covardia. Nós repudiamos com veemência”, afirmou.
Marcello Antunes
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