Foto: Agência CâmaraMarcello Antunes, com informações da assessoria da senadora Fátima Bezerra
16 de novembro | 18:48
Um dia depois do aniversário da Proclamação da República, um acontecimento bizarro movimentou o Parlamento e a história da democracia no Brasil: o plenário da Câmara dos Deputados foi invadido nesta quarta-feira (16), por defensores de uma intervenção militar. A ação, que começou por volta das 15h30 e se estendia até às 17h30, foi rechaçada com força pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Ela lembrou que, pela manhã, o mesmo grupo que defende a ditadura invadiu a comissão de Educação do Senado que promovia uma audiência pública para debater a MP 746/2016. Essa proposta estabelece, entre outras coisas, a escola sem partido, indo na contramão do posicionamento dos movimentos sociais. Os manifestantes – cerca de 15 – interromperam os debates com gritos de “escola sem partido”.
Gleisi lembrou que eles foram convidados a debater, mas se recusaram. Antes de seguirem para a comissão de Educação, esses manifestantes estavam em audiência no gabinete do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), um defensor da escola sem partido.
Da comissão de Educação do Senado até o plenário da Câmara, partiram em pequenos grupos, para não chamar atenção. Lá, a invasão foi em grupo maior – cerca de oitenta pessoas – e assessores de diversos partidos foram agredidos com palavrões. Uma porta de vidro chegou a ser quebrada na confusão.
Chamados de “bolsonetes”, os manifestantes exigiam a presença de um general do Exército para desocupar o plenário da Câmara.
Repressão seletiva
A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) também rechaçou a agressão à Câmara dos Deputados, que é a Casa do Povo, e aproveitou para criticar a forma seletiva como a Câmara e o Senado têm se posicionado no tratamento dispensado aos manifestantes que entram no Congresso Nacional.
Para Fátima, tudo indica que a Polícia Legislativa vem recebendo orientações para tratar de forma diferente representantes dos movimentos sociais de esquerda e manifestantes de grupos conservadores e de direita.
“Na semana passada, até spray de pimenta foi jogado nos estudantes, que quase não conseguiram entrar numa audiência pública sobre a Medida Provisória 746/2016. Diziam que eles eram baderneiros! Hoje, um grupo de pessoas que não se identificou entrou no recinto da Comissão de Educação unicamente com o objetivo de tumultuar e agora estão fazendo a mesma coisa na Câmara dos Deputados”, protestou.
E lá continuam e ainda exigem a presença de um general.
A senadora disse que é hora de os presidentes das duas Casas tomarem uma posição. “Nós esperamos que a presidência da Casa tome as devidas medidas. Basta de intolerância! Basta de ódio! Se há posicionamentos contrários ao nosso, nós respeitamos, mas que venham para o debate, não pela via do vandalismo, não querendo ganhar no grito, o que é próprio daqueles que realmente não têm argumento para defender suas propostas. Não é mais tolerável a gente aceitar esse tipo de situação”, indignou-se.
Confira a crítica das senadoras Gleisi e Fátima à manifestação fascista: