Gleisi: “ter uma ilha de excelência não resolve o problema do País”

Ministra não aceita tratamento diferenciado para o Porto de Suape, como defendeu o governador de Pernambuco, Eduardo

“O que estamos discutindo é uma política de
Estado, disse Gleisi em audiência pública no Senado

A centralização da gestão portuária permanece como a principal divergência em torno da Medida Provisória 595/2012, a chamada MP dos Portos. Na tarde desta terça-feira (26), a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e representantes dos governos da Bahia e do Rio Grande do Sul participaram de mais uma audiência pública da comissão mista que analisa a MP. O governador pernambucano é um dos principais opositores à centralização, por entender que a medida retiraria a autonomia do estado sobre o porto de Suape. Ele argumenta, ainda, o porto pernambucano “é eficiente” e, por isso, mereceria um tratamento diferenciado.

“O que estamos discutindo é uma política de Estado, que não pode ser definida a partir de uma unidade da federação ou de um único porto, mas olhando o País como um todo”, disse a ministra em resposta a Campos. “Não resolve o problema do País termos uma ilha de excelência. “O que precisamos é de eficiência para todo o sistema portuário, para crescermos em competitividade e diminuirmos o custo-Brasil”, afirmou. “O Brasil não pode parar”.

Gleisi destacou que se a descentralização fosse a solução, como pregam os “defensores de Suape”, então “nossos portos estariam às mil maravilhas, pois a descentralização é o sistema que está em vigor”. Ela destacou que a centralização não vai retirar a autonomia dos estados. “Estamos adotando o mesmo arranjo institucional já implementado nos setores de energia e aeroportuário”, no qual há uma agência reguladora responsável pelas licitações e o ministério da área faz o acompanhamento.

Autonomia
Os senadores Humberto Costa (PT-PE) e José Pimentel (PT-CE), integrantes da comissão mista que analisa a MP 595, também participaram da audiência pública e defenderam o planejamento centralizado do setor portuário, como forma de garantir uma abordagem nacional desse sistema estratégico para o País.

pimentel_2603

“Não vejo dificuldade em encontrar
consenso sobre os portos delegados”, disse
Pimentel

Pimentel comparou as críticas às mudanças propostas na MP 595 às sofridas por outras medidas do governo, como a redução da taxa de juros e o desconto nas tarifas de energia elétrica. “Hoje, que essas propostas estão convertidas em realidade e seus efeitos benéficos estão comprovados, já não há quem questione seu acerto”.

Campos disse apoiar o objetivo da MP, mas propôs que o texto excetuasse o porto de Suape, no tocante ao processo de centralização das licitações, para que o estado não perdesse autonomia.  A ministra, no entanto, afirmou que a centralização dos arrendamentos dos terminais portuários segue o mesmo arranjo institucional já mantido pelo governo no setor energético e nos aeroportos, onde a agência reguladora faz as licitações e o respectivo ministério acompanha o processo. Gleisi Hoffmann ponderou que desta forma o setor não fica à mercê de interesses locais dos portos.

Acordo
José Pimentel considera viável um acordo sobre a questão. “Não vejo dificuldade em encontrar consenso sobre os portos delegados”, disse. Ao manifestar sua expectativa positiva sobre a construção de consensos em torno da MP dos Portos, Pimentel informou que um acordo fechado na semana passada já permitiu o atendimento das reivindicações dos trabalhadores portuários. As alterações foram negociadas com representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Força Sindical e da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB).

O consenso foi resultado de várias rodadas de negociação, coordenadas pelo relator da MP, senador Eduardo Braga (PMDB/AM), com a participação presidente da comissão, deputado José Guimarães (PT/CE), e do vice-presidente, José Pimentel.

A audiência pública desta terça-feira foi a oitava realizada pela comissão mista que analisa a MP 595. O relator da matéria, senador Eduardo Braga (PMDB-AM) elogiou a amplitude do debate, que buscou contemplar a pluralidade dos segmentos envolvidos na gestão e operação portuária. “Ouvimos 38 convidados, das mais diversas opiniões”, afirmou.
 

Veja as reivindicações dos trabalhadores já incorporadas à MP dos Portos

– Respeito à Convenção 137 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que trata do trabalho portuário

– Criação da aposentadoria especial e garantia de uma renda mínima para os avulsos

– Adoção de uma política de qualificação profissional

– Vedação ao trabalho temporário

– Não terceirização da guarda portuária

– Reconhecimento dos portuários como categoria preponderante para efeitos de representação

– Conselhos da Autoridade Portuária compostos por 50% de representação do governo, 25% de empresários e 25% de trabalhadores

 

Cyntia Campos com Assessoria de Imprensa do senador José Pimentel

 

Leia mais:

MP dos Portos: relator fecha acordo com portuários

 

To top