O jornal O Globo de hoje traz, na página 9, nova reportagem que reforça denúncias recentes de relacionamento entre o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso atualmente na penitenciária federal de segurança máxima de Mossoró (RN). Acusado de chefiar a maior rede de jogos ilegais do País, Cachoeira está preso desde 29 de fevereiro passado, como resultado da operação Monte Carlo, da Polícia Federal.
Não é a primeira vez que vem a conhecimento público o desaconselhável relacionamento entre Demóstenes Torres, o até então insuspeito senador goiano, ex-procurador geral do Estado e ex-secretário da Segurança Pública, com um dos mais famosos contraventores do País. Além da exploração ilegal de jogos, Cachoeira é acusado também de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção ativa – entre outros crimes.
O que mais chama a atenção nas duas reportagens do O Globo de hoje é que as informações reveladas fazem parte de um relatório da Polícia Federal entregue à Procuradoria Geral da República em 2009, sem que tenha sido “tomada qualquer providência”, sublinha o jornal, pelo procurador geral da República, Roberto Gurgel. Gurgel tem, portanto, pelo menos dois processos relacionando suspeições sobre a intimidade entre Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira. No início desta semana, como foi noticiado, o procurador-geral recebeu, por iniciativa do líder do PT no Senado, Walter Pinheiro, uma representação assinada por vários senadores e deputados pedindo o encaminhamento do processo que incrimina o senador ao Supremo Tribunal Federal (STF), conforme estabelece o foro privilegiado ao qual o parlamentar tem direito. Os parlamentares que acompanham o líder do PT na representação também pedem investigação e informações sobre a indústria de grampos telefônicos ilegais, que opera principalmente em Brasília, e questionam quais os resultados concretos dos processos e inquéritos que foram alvo de vazamentos de informações que, em teoria, encontravam-se sob sigilo judicial e policial.
A reportagem do O Globo denuncia, neste ano, o terceiro caso de envolvimento do senador Demóstenes Torres com o contraventor Carlinhos Cachoeira. Na primeira delas, vazamento do inquérito policial da operação Monte Carlo informou que ambos trocaram cerca de 300 telefonemas, durante cinco meses do ano passado. Ante o impacto da denúncia, o senador subiu à tribuna do Senado para explicar que a razão de tantos diálogos foi que o bicheiro passara a ter relacionamento amoroso com a esposa de seu suplente Wilder Pedro de Moraes – e coube a ele o papel de conselheiro sentimental entre o marido traído e o “professor”, como Demóstenes se refere a Cachoeira nos diálogos. Na segunda denúncia, informou-se que o bicheiro adquiriu, em Miami (EUA), 15 aparelhos telefônicos Nextel com configuração que os tornava supostamente imunes a grampos telefônicos. Um desses aparelhos foi entregue ao “amigo” Demóstenes.
A palavra, agora, está com o procurador-geral da República. Por volta das 11h00 desta sexta-feira, era crescente a cobrança nas redes sociais pelo “engavetamento” da denúncia hoje veiculada pelo O Globo.
Leia abaixo as íntegras das reportagens de hoje:
Políticos voltam a ser denunciados
PF: Demóstenes pediu dinheiro a Cachoeira