desigualdade crescente

Golpe e Bolsonaro jogaram o povo na miséria

Mais da metade da população continuará entre classes mais pobres ao fim do “mandato” de Bolsonaro, aponta levantamento. Há dez anos, o país vivia maior ascensão social da história
Golpe e Bolsonaro jogaram o povo na miséria

Foto: Agência PT

A reversão do movimento de ascensão social ocorrido durante os governos do PT conduz o Brasil a um estado de desigualdade crônica, em que mais da metade da população brasileira é formada pelas classes mais pobres. A atualização do levantamento periódico da Tendências Consultoria mostra pequena variação negativa desde 2021, quando era de 51,3%, para 50,7% – bem acima dos 48,7% registrados em 2012.

O quadro de empobrecimento acelerado nos últimos anos deve se manter nos próximos. A projeção dos consultores da Tendências é de que o Brasil precisará de mais sete anos para igualar o menor índice da série histórica do levantamento, iniciado em 1999. O recorde foi batido em 2014, sob Dilma Rousseff, quando o país viveu a inédita situação de pleno emprego e políticas sociais se somaram a políticas econômicas para reduzir a 47% a participação das classes D/E no total de domicílios brasileiros.

“A gente prevê alguma redução da parcela dos domicílios mais pobres no total do país neste ano, mas ainda assim vamos encerrar o ano com uma fatia maior do que se tinha há dez anos”, declarou ao Valor Econômico o economista e responsável pelo estudo, Lucas Assis. “Vivemos hoje as consequências da recessão lá de 2015 e de 2016 e da pandemia. O Brasil enfrentou dois momentos difíceis na última década e 2022 ainda apresenta grandes desafios.”

O estudo considera como classe D/E domicílios com renda mensal de até R$ 2,9 mil para toda a família em novembro de 2021. Nessas classes, onde a informalidade é muito mais comum, a renda é mais volátil e oscilou durante a pandemia, aumentando a dependência dos programas de transferência social.

“A classe D/E é a que forma a base da população brasileira, é a mais vulnerável economicamente. É uma população que tem participação relevante dos salários na sua renda, mas depende muito das transferências sociais”, explica Assis.

O economista afirma que 47,1% da renda dos mais pobres vêm do trabalho, outros 39% vêm da Previdência Social (aposentadorias) e 12,3% são provenientes do Auxílio Brasil, o programa eleitoreiro de Jair Bolsonaro, e do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Na classe C, a renda do trabalho responde por 90,8% dos recursos. Na classe A, três quartos (74,8%) da renda vêm de “outros” (como ganhos de capital com juros e dividendos, que não são tributáveis), e apenas 24,8% recebem renda do trabalho.

“A população da classe D/E teve expressiva proteção com o auxílio emergencial e depois ainda recebeu uma rodada adicional do benefício em 2021”, prossegue Assis. “Mas mesmo com a ampliação dos programas de transferência não enxergamos redução da fatia dos mais pobres na população. A gente ainda vai ter uma mobilidade social muito reduzida nos próximos anos”, conclui, apontando a deterioração do mercado de trabalho e a distribuição desigual de ocupações e rendimentos entre os trabalhadores como elemento importante da queda da renda das famílias mais pobres.

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