Fátima diz que avaliação é de que resistência contra o golpe será bem-sucedidaA resistência democrática está nas ruas para enfrentar os conspiradores que já estão se reunindo no Palácio do Jaburu para articular o golpe. Um golpe com a marca do Parlamento, o que torna as coisas ainda mais graves. Esse é o resumo do discurso desta quinta-feira da senadora Fátima Bezerra (PT-RN) ao plenário.
A senadora passou a manhã no acampamento organizado por movimentos sociais no ginásio Nilson Nelson. “Eles chegam de todas as partes do País para garantir que, deste Congresso Nacional não sairá a autorização para esse golpe contra a democracia”, disse.
Fátima lamentou a traição do vice-presidente Michel Temer que, segundo notícias publicadas pela mídia, está articulando, juntamente com o presidente da Câmara, não apenas o golpe, mas a vingança, denunciou. “Essa vingança de Michel Temer e de Eduardo Cunha está expressa nos planos de governo”, disse.
Ela comentou que, de acordo com a colunista da Folha de S. Paulo Mônica Bergamo, Temer já estaria pronto para encaminhar ao Congresso sua proposta para reforma da Previdência. Essa reforma começaria por tocar no ponto mais explosivo do assunto: a idade mínima para a aposentadoria.
“Está na cara que o que querem os golpistas, com os projetos e planos negociados na calada da noite no Palácio do Jaburu com o senhor Michel Temer, é colocar em sacrifício, mais uma vez, a classe trabalhadora, os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade”, denunciou. Fátima explicou que o objetivo da aprovação seria mostrar que o novo governo conta com o apoio do Congresso. Ultrapassada essa etapa, a seguinte seria atropelar e encaminhar mudanças que soam como música para o mercado financeiro.
Naturalmente, isso significaria, de acordo com as previsões da senadora, uma sequência de ataques a conquistas já consolidadas, “como a reforma trabalhista, com tudo aquilo que eles tentaram fazer no passado, rasgando a CLT e, portanto, um ataque brutal aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, mas não é só a reforma trabalhista; viriam, por exemplo, medidas como acabar com a política de valorização do salário mínimo, política exitosa, instituída a partir do governo do ex-presidente Lula, mantida pelo governo da presidenta Dilma; viria, por exemplo, outra medida de grande prejuízo para os trabalhadores, que é acabar com a vinculação do reajuste do salário mínimo aos benefícios previdenciários; viriam, por exemplo, outras medidas como acabar com a desvinculação das receitas orçamentárias para o campo da saúde e para o campo da educação”. Tudo isso está explícito no programa “Uma Ponte para o Futuro”, lançado pelo PMDB.
Outro temor da senadora é de que a operação Lava Jato seja simplesmente extinta se Temer e Cunha chegarem ao poder. “Não acredito, de maneira nenhuma, que o povo brasileiro vá passar por uma infelicidade desse tamanho”, disse, acreditando que a resistência dos movimentos sociais e de partidos como a Rede, o PSOL, o PDT, PR e a militância do PSB, que, mesmo com posições divergentes das defendidas pelo governo, se unem ao PT em defesa da democracia.
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