O presidente assegurou que “o povo baiano pode ficar tranquilo que eu vou discutir muito esse assunto hoje, hoje à tarde, aqui em Brasília, com a ministra, vou falar com o Jerônimo e quero colocar o governo federal à disposição para ajudar o Jerônimo e os povos indígenas a encontrar uma solução para que a gente resolva isso de forma pacífica. Eu não poderia deixar de falar isso”.
Ação criminosa
Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, cerca de 200 ruralistas da região se organizaram através de um aplicativo de mensagens, convocando fazendeiros e comerciantes para recuperarem, por meios próprios e sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, ocupada por indígenas. Ainda conforme a pasta, eles invadiram a área reivindicada pelos pataxós com dezenas de veículos.
A indígena Maria Fátima Muniz de Andrade, da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe, foi morta, e o cacique Nailton Muniz Pataxó ficou ferido no ataque, ocorrido em Potiraguá, no sul do estado. Pelo menos oito indígenas deram entrada em unidades de saúde da região com ferimentos.
Durante a entrevista, Lula afirmou que uma das prioridades do governo federal é buscar soluções pacíficas para os conflitos por terra no país. Contou ter encomendado ao Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, um levantamento das terras improdutivas que podem ser objeto de reforma agrária.
“Eu pedi para o meu ministro do Desenvolvimento Agrário que eu quero uma prateleira de propriedades improdutivas desse país para que a gente não precise ficar discutindo mais ocupação de terra ou invasão de terra. Se a gente tiver pronta a prateleira de todas as terras disponibilizadas nesse país, a gente pode resolver o problema dos quilombolas nesse país, a gente pode resolver o problema de todo trabalhador rural que quer terra, do Movimento Sem Terra e de todos os outros movimentos”, disse.
O presidente acrescentou que pretende anunciar, ainda neste ano, as terras “que nós temos disponibilizadas, seja a terra da União, seja a terra que já está aprovada, que não é produtiva, que a gente tem que tomar uma atitude de tornar essa terra produtiva”.
O mesmo será feito, segundo ele, com prédios e outras propriedades do governo federal. “A gente vai pegar tudo o que tiver, e a gente vai ver o que é possível vender pra construir outra coisa nova, o que é possível reutilizar, mas a gente vai fazer com que o povo brasileiro tenha acesso ao que o governo federal não utiliza. Só o INSS tem 3 mil prédios, ou seja, não tem sentido”, afirmou.