Justiça

Governo atuará no caso do assassinato de indígena na Bahia, diz Lula

No domingo (21), em uma ação clandestina para retomar a posse de uma fazenda, membros de um grupo intitulado Movimento Invasão Zero mataram uma mulher e deixaram vários outros indígenas feridos

Ricardo Stuckert

Governo atuará no caso do assassinato de indígena na Bahia, diz Lula

“Nesse primeiro ano, a gente já recuperou praticamente 80 políticas que existiam nesse país, sobretudo as de inclusão social", disse Lula

O presidente Lula discutirá com a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, nesta terça-feira (23), a atuação do governo federal no caso envolvendo o ataque a tiros de fazendeiros contra indígenas da terra Caramuru-Catarina Paraguassu, no sul da Bahia.

No domingo (21), em uma ação clandestina para retomar a posse de uma fazenda ocupada pelos pataxós no dia anterior, membros de um grupo intitulado Movimento Invasão Zero mataram uma mulher e deixaram vários outros indígenas feridos. Dois ruralistas foram presos em flagrante no mesmo dia.

Lula falou sobre o assunto na manhã desta terça-feira (23), durante entrevista para o programa Bom dia com Mário Kertész, da Rádio Metrópole, da Bahia. O presidente disse que tem conversado com o governador Jerônimo Rodrigues desde o domingo e que o governo federal está à disposição para contribuir na busca de uma solução pacífica para o conflito.

“Eu sei o que aconteceu lá, eu sei que morreu uma pessoa e que outras estão feridas. Conversei com o Jerônimo no domingo à noite, conversei com o Jerônimo ontem [segunda-feira, dia 22] à noite, conversei com o Jerônimo agora de manhã, ele me mostrou o que ele está fazendo. A minha ministra, a Sonia Guajajara, foi à região, esteve lá conversando com todo mundo”, disse Lula, que manifestou “solidariedade aos familiares da indígena que foi assassinada”.

O presidente assegurou que “o povo baiano pode ficar tranquilo que eu vou discutir muito esse assunto hoje, hoje à tarde, aqui em Brasília, com a ministra, vou falar com o Jerônimo e quero colocar o governo federal à disposição para ajudar o Jerônimo e os povos indígenas a encontrar uma solução para que a gente resolva isso de forma pacífica. Eu não poderia deixar de falar isso”.

Ação criminosa

Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, cerca de 200 ruralistas da região se organizaram através de um aplicativo de mensagens, convocando fazendeiros e comerciantes para recuperarem, por meios próprios e sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, ocupada por indígenas. Ainda conforme a pasta, eles invadiram a área reivindicada pelos pataxós com dezenas de veículos.

A indígena Maria Fátima Muniz de Andrade, da etnia Pataxó Hã-Hã-Hãe, foi morta, e o cacique Nailton Muniz Pataxó ficou ferido no ataque, ocorrido em Potiraguá, no sul do estado. Pelo menos oito indígenas deram entrada em unidades de saúde da região com ferimentos.

Durante a entrevista, Lula afirmou que uma das prioridades do governo federal é buscar soluções pacíficas para os conflitos por terra no país. Contou ter encomendado ao Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, um levantamento das terras improdutivas que podem ser objeto de reforma agrária.

“Eu pedi para o meu ministro do Desenvolvimento Agrário que eu quero uma prateleira de propriedades improdutivas desse país para que a gente não precise ficar discutindo mais ocupação de terra ou invasão de terra. Se a gente tiver pronta a prateleira de todas as terras disponibilizadas nesse país, a gente pode resolver o problema dos quilombolas nesse país, a gente pode resolver o problema de todo trabalhador rural que quer terra, do Movimento Sem Terra e de todos os outros movimentos”, disse.

O presidente acrescentou que pretende anunciar, ainda neste ano, as terras “que nós temos disponibilizadas, seja a terra da União, seja a terra que já está aprovada, que não é produtiva, que a gente tem que tomar uma atitude de tornar essa terra produtiva”.

O mesmo será feito, segundo ele, com prédios e outras propriedades do governo federal. “A gente vai pegar tudo o que tiver, e a gente vai ver o que é possível vender pra construir outra coisa nova, o que é possível reutilizar, mas a gente vai fazer com que o povo brasileiro tenha acesso ao que o governo federal não utiliza. Só o INSS tem 3 mil prédios, ou seja, não tem sentido”, afirmou.

Confira a matéria na íntegra

To top