Revogaço, reestruturação administrativa, decretos emergenciais e reuniões, muitas reuniões. Os primeiros cinco dias de 2023 começaram no governo Lula como uma corrida de Fórmula 1, só que com todos os pilotos compondo a mesma equipe e em busca de um mesmo troféu: um país pacificado, com justiça social e crescimento econômico. Nesta sexta (6), a semana fecha com um pitstop estratégico: a primeira reunião entre Lula e os 37 ministros do novo governo.
“Um presidente com agenda extensa e muitos compromissos depois de anos de agenda vazia e muita preguiça do antecessor. É o Brasil voltando ao normal”, registrou, satisfeito, o senador Humberto Costa (PT-PE).
Depois da posse histórica e emocionante de domingo, já ficou claro na segunda (2) e na terça (3) qual seria o ritmo: Lula se reuniu com quase 20 chefes de Estado e delegações estrangeiras que participaram da posse, como o Rei Felipe VI, da Espanha, os presidente Marcelo Rebelo de Sousa (Portugal), Alberto Fernández (Argentina), Gabriel Boric (Chile), Luis Alberto Arce Catacora (Bolívia) e Umaro Sissoco Embaló (Guiné Bissau), além do vice-presidente da China, Wang Qishan, entre outros.
A (re)estreia no gabinete presidencial do Palácio do Planalto aconteceu na quarta (4), quando o presidente recebeu, em encontros seguidos, os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Paulo Pimenta (Comunicação Social) e Fernando Haddad (Fazenda). Nesse meio tempo, participou da cerimônia de transmissão de cargo do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, como ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
O primeiro dia de despacho no Planalto foi registrado em vídeo pela Presidência e compartilhado pelos senadores do PT nas redes sociais. “Depois de 20 anos e muitas histórias vividas, Lula volta ao Palácio do Planalto nesta quarta-feira para o primeiro de dia de expediente no 3º mandato de Presidente do Brasil”, escreveu o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA).
“O Brasil tem pressa. Um presidente que não quer saber de ódio, não quer saber de briga, um presidente que trabalha dia e noite pelo seu povo”, emendou Humberto Costa. “Na primeira semana de trabalho, Lula já convocou reunião com os 37 ministros e também já marcou encontro com os 27 governadores. É carga! É compromisso. O Brasil já passou tempo demais parado, o momento é de unir para reconstruir”, continuou, em reação ao anúncio da reunião em 27 de janeiro com os governadores para definir obras prioritárias em cada Estado em conjunto com o Executivo federal.
Nesta quinta (5), a principal atividade de Lula foi a reunião para discutir a pauta legislativa do governo a partir de fevereiro, quando o Congresso retoma as atividades após o recesso parlamentar. O encontro foi registrado por um dos participantes, o agora líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
“Hoje nos reunimos com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães [PT-CE], e a presidenta nacional do PT e deputada federal Gleisi Hoffmann [PT-PR] para discutir projetos prioritários para as famílias brasileiras. Vamos em frente!”, publicou, ao lado da foto de todos eles com Lula no Palácio do Planalto.
Além deles, Lula se reuniu também nesta quinta com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e com o secretário-geral da Presidência, Márcio Macedo, além de receber novamente Padilha e Pimenta.
Semana de posses
Enquanto isso, desde segunda-feira a Esplanada foi tomada por cerimônias de posse dos novos ministros, que se tornaram um capítulo à parte. O que em geral é uma ocasião protocolar se tornou em alguns casos um grande evento, com discursos memoráveis.
As posses de Margareth Menezes (Cultura), Marina Silva (Meio Ambiente) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), por exemplo, tiveram lotação esgotada e muita gente ficou do lado de fora. As de Alckmin e Haddad, também foram concorridas, bem como de Camilo Santana (Educação) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social), senadores eleitos.
Mas uma delas, a de Silvio Almeida, ministro de Direitos Humanos, viralizou nas redes sociais, nem tanto pela quantidade de pessoas presentes, mas pela mensagem transmitida. Ao dizer, segundo ele, “o óbvio”, arrancou aplausos efusivos, em mais uma demonstração de alívio da população pela vitória da democracia sobre a extrema-direita, que rebaixou a pasta para secretaria e a transformou numa fábrica de intolerância e de ataques aos direitos que deveria defender.
“Quero estabelecer um primeiro compromisso com a luta de todos os grupos vítimas de injustiças e opressões, que resistiram e resistirão a todas as tentativas de calar suas vozes. Por isso, permitam-me, como primeiro ato como Ministro, dizer o óbvio que, no entanto, foi negado nos últimos quatro anos: trabalhadoras e trabalhadores do Brasil, vocês existem e são valiosos para nós. Mulheres do Brasil, vocês existem e são valiosas para nós. Homens e mulheres pretos e pretas do Brasil, vocês existem e são valiosos para nós. Povos indígenas, vocês existem e são valiosos para nós. Pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, travestis, intersexo e não binárias, vocês existem e são valiosas para nós. Pessoas em situação de rua, vocês existem e são valiosas para nós. Pessoas com deficiência, pessoas idosas, anistiados e filhos de anistiados, vítimas de violência, vítimas da fome e da falta de moradia, pessoas que sofrem com a falta de acesso à saúde, companheiras empregadas domésticas, todos e todas que sofrem com a falta de transporte, todos e todas que têm seus direitos violados, vocês existem e são valiosos para nós. Com esse compromisso, quero ser ministro de um país que ponha a vida e a dignidade humana em primeiro lugar.”