O presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Petrobras, senador Jean Paul Prates (PT-RN), alertou que a política do governo Bolsonaro está destruindo a Petrobras e suas subsidiarias.
“Venderam os pés da Petrobras, que é a BR Distribuidora. A proposta que vem a seguir é vender refinarias, que são as canelas e as pernas da empresa. Com essas ações, a Petrobras vai flutuar no mercado”.
Prates, que é especialista na área de petróleo e gás, aponta para os graves prejuízos para a Petrobras e para os consumidores brasileiros que decorrerão da decisão do governo de retirar a estatal completamente dos setores de refino e distribuição.
“Isso vai prejudicar, principalmente, os consumidores, que ficaram na mão de quem comercializa o combustível e de quem transforma o produto cru no produto refinado, que é o que é valorizado”, explicou o senador.
Dia de tensão
Na segunda-feira (9), a economia mundial e brasileira amanheceram em crise, decorrência de uma guerra de preços do combustível entre a Rússia e a Arábia Saudita. O país árabe, maior exportador do mundo, decidiu adotar o maior corte no valor de venda do barril de petróleo em 20 anos.
“O consumidor brasileiro já vem sofrendo, pagando o preço em dólar, reajustado em tempo real para agradar quem importa combustível. Hoje, quem está perdendo é a Petrobras, com o desabamento dos preços do óleo. Essa volatilidade tem prejudicado tanto os consumidores quanto a empresa”.
No Brasil, a Petrobras sofreu um duro baque. O valor de mercado da empresa na Bolsa de Valores despencou R$ 67 bilhões. Na outra ponta, o preço do dólar comercial disparou, alcançando o valor de R$ 4,744 na venda.
A Petrobras poderia sair com menos danos da crise global que se abateu sobre a economia nesta segunda feira. A queda dos preços do petróleo vai ser ruim para a empresa que vem sendo vendida aos pedaços pelo governo Bolsonaro. pic.twitter.com/QhQvntOW4V
— Jean Paul Prates (@senadorjpprates) March 9, 2020
Capacidade de compensação
Em um dia como este, explicou Prates, o Brasil vai sentir muita falta da BR Distribuidora, privatizada a preços ínfimos — R$ 9,6 bilhões — no ano passado pelo governo Bolsonaro.
A opção do governo foi retirar a Petrobras do negócio da distribuição de combustível — e reduzir cada vez mais sua presença no refino — limitando a ação da estatal à venda de óleo cru, segmento que despencou com a derrama de petróleo no promovida pela Arábia Saudita. “Com a BR Distribuidora, a Petrobras poderia compensar as perdas no valor do barril de óleo cru com os lucros da distribuição”, explicou e senador. Sem essa capacidade, a estatal sofre um grande prejuízo.
Responsabilidade do Congresso
Jean Paul Prates é autor de um projeto de lei que torna obrigatório o aval do Congresso Nacional para a venda de subsidiárias, para evitar novas “liquidações” como a que ocorreu com a BR Distribuidora.
Para o senador, o Congresso Nacional precisa fazer valer sua responsabilidade e discutir esse tema. O projeto de lei (PL) 3.460/2019, de sua autoria, que prevê a obrigatoriedade de uma autorização específica do Congresso quando houver a intenção de alienação de ativos de empresas públicas, sociedades de economia mista ou de suas subsidiárias ou controladas, e também se a operação resultar em perda de controle acionário pelo Estado.