O fantasma da inflação está tornando dramático o cotidiano de um número ainda maior de brasileiros. Depois de ampliar a extrema pobreza, fazendo o país voltar ao Mapa da Fome da ONU, o governo Bolsonaro, com sua cruel política econômica, também prejudica as famílias que vinham conseguindo driblar a crise e atinge o bolso de quem já sofria com a perda de emprego e renda.
“A inflação, muito conhecida nos tempos da ditadura militar, está de volta. As consequências são devastadoras, comprometendo a renda dos brasileiros e levando muitos para fome e miséria”, afirmou o senador Rogério Carvalho (PT-SE), ao comentar reportagem que foi ao ar neste domingo (30) no programa Fantástico, da TV Globo.
Na semana passada, o IBGE divulgou uma prévia da inflação de agosto (IPCA-15) que assustou: 0,89%, maior índice para este mês desde 2002, quando atingiu 1%. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice atingiu astronômicos 9,3%.
De acordo com o instituto, o resultado foi impactado pelo aumento da energia elétrica, que subiu 5% em razão da bandeira vermelha adotada pelo governo nos últimos dois meses, sob a alegação da crise hídrica. Além disso, o adicional dessa bandeira também sofreu reajuste, de 52% em plena pandemia.
O segundo maior vilão do mês foi a gasolina, que aumentou 2,05% em agosto e acumula reajuste de 39,52% nos últimos 12 meses, pressionando toda a cadeia produtiva por encarecer os custos das empresas.
Além disso, o valor da cesta básica também não para de crescer. Em julho, aumentou em 15 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese. As maiores altas aconteceram em Fortaleza (+3,92%), Campo Grande (+3,89%) e Aracaju (+3,71%). A cesta só caiu em duas capitais: João Pessoa (-0,79%) e Brasília (-0,45%). No caso de Brasília, no entanto, o aumento acumulado nos últimos 12 meses chega a 29,42%.
“Duas vezes por semana a Regina Conceição, empregada doméstica, vai a uma feira catar restos de comida para alimentar a família. Hoje no país, 117 milhões não se alimentam como deveriam e 19 milhões de brasileiros passam fome. Esse é o Brasil de Bolsonaro”, lamentou Rogério Carvalho. Ele lembrou que em 2014, no governo Dilma Rousseff, o Brasil saiu do Mapa da Fome da ONU. “Agora o país retorna para o mapa da fome, disparam o desemprego e a inflação.”
Para Jaques Wagner (PT-BA), a crise fica ainda pior quando o presidente do país prefere que a população compre fuzil em vez de feijão. “O Brasil enfrenta uma profunda crise para vencer a pandemia, o desemprego, a fome, a inflação, dramas reais da população agravados pelo desastre que é esse governo. Não precisamos de armas, o povo precisa de saúde, comida na mesa e emprego para viver com dignidade”, afirmou.
Já o senador Humberto Costa (PT-PE) ressalta que, graças ao atual governo, as previsões para que o país consiga reencontrar o caminho do crescimento só pioram. “A péssima gestão do governo Jair Bolsonaro tem derrubado as previsões para retomada da economia no país. Segundo o cálculo de economistas, o desemprego só deve retornar ao nível pré-pandemia em 2023. Em resumo: o país só vai voltar a crescer quando Bolsonaro deixar o cargo”, concluiu.
A dolarização do combustível
O líder da Minoria, senador Jean Paul Prates (PT-RN), reforça o absurdo que é um país autossuficiente em petróleo atrelar ao dólar o preço dos combustíveis no mercado doméstico. Além de elevar o valor do litro da gasolina a R$ 7,00 em alguns pontos do país, a Petrobras anuncia a distribuição de lucros aos acionistas de quase R$ 32 bilhões.
“Isso reflete o lucro bilionário obtido com a venda da empresa em pedaços, como refinarias postos, e com o aumento de preços, que assusta cada vez mais. O governo atrelou o preço ao dólar e ao preço internacional do petróleo, que varia de acordo com as guerras, com os furações, explosões de gasodutos, ataques terroristas. Um país autossuficiente não precisava estar sujeito a essa volatilidade”, afirmou.
Jean Paul disse ainda que não adianta o governo federal dizer que a culpa é dos governadores e do ICMS. “Ninguém engole isso, é balela. O valor do ICMS não muda desde os governos do PT. Estamos pagando por combustível mais do que o gringo lá na casa dele porque o governo quer ajudar alguns amigos”, disse.