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Governo avança na destruição dos direitos trabalhistas

Parlamentares governistas aprovaram, na quarta-feira, projeto que libera a terceirização nas atividades-fim na iniciativa privada e no serviço público
Governo avança na destruição dos direitos trabalhistas

Foto: Divulgação

Apesar da bela mobilização das mulheres no último dia 08 de março, das grandes manifestações populares que ocuparam as ruas das principais cidades do país no dia 15 de março e da oposição das mais diversas entidades representativas da sociedade civil, o governo ilegítimo protagonizou mais um duro ataque aos trabalhadores na última quarta-feira, ao aprovar o Projeto de Lei nº 4302, de 1998, encaminhado ao Congresso Nacional pelo então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

O mencionado Projeto de Lei é apenas uma parte do conjunto de mudanças que Michel Temer e seus aliados querem promover na legislação trabalhista, mas é suficiente para anular diversos direitos conquistados através da luta dos trabalhadores e inscritos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943.

Ao liberar a terceirização nas atividades-meio e atividades-fim, tanto na iniciativa privada como no serviço público, o projeto vai rebaixar o salário dos trabalhadores, precarizar as condições de trabalho, substituir servidores públicos por funcionários terceirizados e sucatear os serviços públicos para em seguida privatizá-los.

De acordo com a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho – ANAMATRA, se hoje existem aproximadamente 12 milhões de trabalhadores terceirizados e 35 milhões de trabalhadores contratados diretamente, a situação tende a se inverter, em benefício da redução do custo da mão de obra e do lucro dos empresários.

O dossiê da Central Única dos Trabalhadores (CUT), elaborado por estudiosos do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), revela que os trabalhadores terceirizados recebem salários 24,7% menores que os demais, permanecem no emprego pela metade do tempo e trabalham em média 3 horas a mais por semana.

A elevada rotatividade no mundo do trabalho terceirizado faz com que milhares de trabalhadores percam o sagrado direito às férias. A desvalorização profissional e o aumento da jornada de trabalho, por sua vez, elevam o número de acidentes de trabalho e de doenças provocadas pelo exercício de atividades penosas ou extenuantes, muitas vezes análogas ao trabalho escravo.

A votação do PL da terceirização, no entanto, não foi confortável para o governo. Houveram diversas dissidências na sua base de sustentação, em uma votação que contou com 231 votos favoráveis, 188 contrários e 8 abstenções. Para aprovar a reforma da previdência, uma vez que se trata de uma emenda à Constituição, o governo ilegítimo necessita de 308 votos na Câmara dos Deputados e 49 votos no Senado Federal.

Isso demonstra que a retomada das mobilizações sociais no ano de 2017 cumpriu um papel importante e poderá cumprir um papel ainda mais importante, qual seja, barrar a proposta de reforma previdenciária que eleva a idade mínima da aposentadoria de homens e mulheres para 65 anos e exige 49 anos de trabalho e contribuição para acesso à aposentadoria integral. Mais do que nunca é hora de pressionar os parlamentares em seus estados de origem e de apostar na mobilização social. A voz as ruas está ecoando e manda um recado claro que tanto o governo o ilegítimo quanto este Congresso que aí está têm prazo de validade. A indignação e a esperança estão se sobrepondo ao medo.

Artigo publicado pelo Novo Jornal em 24 de março de 2017

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