Apesar de o governo ilegítimo tentar subdimensionar as manifestações populares realizadas no último dia 28 de abril, ninguém conseguiu fingir que nada estava acontecendo, ninguém conseguiu esconder as dimensões da paralisação nacional e as multidões que tomaram as ruas do país.
Não foi necessário que os grandes veículos de comunicação mostrassem. Quem saiu de casa no último dia 28 de abril nas principais cidades do país se deparou com cenários incomuns. Cidades sem transporte público, com o comércio parcialmente fechado, com avenidas interditadas por grandes marchas de trabalhadoras e trabalhadores.
Tanto para as centrais sindicais como para veículos sérios da imprensa internacional e da imprensa alternativa nacional, estava em curso a maior greve geral da história de nosso país, com uma pauta muito nítida de reivindicações, que aglutinou sindicatos, universidades, igrejas, escolas públicas e privadas, movimentos sociais do campo e da cidade.
Ninguém mais poderá dizer que a luta contra a reforma trabalhista, contra a reforma da previdência e contra o governo ilegítimo é uma luta residual, pois quem deixou de trabalhar no último dia 28 de abril e ocupou as ruas do país foi o povo brasileiro, que não aceita mais conviver com o desemprego crescente, que não aceita que um governo sem voto rasgue a legislação trabalhista da década de 40, que não aceita perder o sagrado direito à aposentadoria.
A mais recente pesquisa do Datafolha revela um governo moribundo, que não tem autoridade política para levar adiante reformas tão radicais. A pesquisa revela que 85% da população defende a antecipação das eleições presidenciais e que o ex-presidente Lula, apesar de todo o massacre jurídico-midiático do qual é vítima, é o candidato favorito da população em todos os cenários de disputa.
Este governo ilegítimo expirou, foi demitido pelo povo brasileiro no último dia 28 de abril. Somente em Natal/RN, cerca de cem mil pessoas foram às ruas para dizer não às reformas, dizer “Fora Temer” e “Diretas Já”. Também houveram manifestações em diversas cidades do RN.
Nem a violência desproporcional do aparato de segurança do Estado – responsável por dispersar uma mobilização pacífica realizada no centro do Rio de Janeiro – nem a manipulação midiática serão capazes de conter a mobilização crescente da sociedade brasileira.
Se o governo Temer e sua base de sustentação parlamentar acreditavam que seria possível rasgar a CLT e anular direitos inscritos na Constituição Cidadã sem provocar convulsões sociais estavam muito enganados. O dia 28 de abril foi um estridente grito de alerta, um choque de realidade para quem só tinha olhos e ouvidos para o capital financeiro.
Como disse certa vez o ex-presidente Lula, nunca ousem duvidar da capacidade de luta e transformação da classe trabalhadora brasileira. A greve geral do dia
28 de abril inaugurou uma nova fase da luta social em nosso país, que será responsável por derrotar as reformas do governo ilegítimo e por resgatar o processo democrático via eleições diretas para a Presidência da República.
Publicado originalmente na sexta-feira (5) no Novo Jornal