O lançamento da campanha nacional Brasil sem Misoginia representa um histórico passo dado pelo governo federal, por meio do Ministério das Mulheres, no enfrentamento a toda forma de violência contra as mulheres.
“Esta é uma iniciativa que segue a orientação do presidente Lula e tem como meta e objetivo construir a igualdade e acabar com o feminicídio e com a violência contra a mulher em todo o território nacional. O Brasil sem Misoginia é um chamado para todas as autoridades e toda a sociedade sobre a urgência de enfrentarmos a misoginia em nosso país”, disse a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, no lançamento da campanha, na quarta-feira (25).
Com adesão de mais de 100 empresas, a iniciativa envolve ainda organizações sociais, esportistas, tecnológicas, religiosas, sindicais e culturais, além de todos os ministérios, o Sesi e o Senai e empresas públicas como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobras.
Todos esses parceiros, lembrou Cida, se empenharão na construção de um país livre de todas as formas de violência e ódio contra as mulheres, sejam elas das áreas urbanas, do campo, da floresta ou das águas, sejam elas negras, indígenas, jovens, idosas, LBTs ou com deficiência.
“Queremos um Brasil seguro, com igualdades de oportunidades e respeito para todas as mulheres. É preciso prevenir feminicídios e as violências doméstica e sexual porque, segundo o Anuário de Segurança Pública, em 2022, 1.400 mulheres brasileiras foram mortas pelo fato de ser mulheres”, pontuou a ministra.
Janja: “Não podemos nos calar”
A primeira-dama, Janja Lula da Silva, destacou a importância do ato: “Nós, mulheres, não aguentamos mais o machismo e a misoginia.”
Ela chamou a atenção da importância de os homens também participarem da campanha e fez um apelo para que a sociedade converse sobre o Brasil sem Misoginia: “A gente precisa falar muito sobre isso, com o vizinho de porta, com o grupo de mães no colégio, em todos os espaços, com os superiores no trabalho. A gente precisa falar, não podemos e não vamos nos calar.”
Além disso, a primeira-dama também celebrou a participação e a adesão de representantes de empresas de tecnologia: “Estou muito feliz em ver Google e Facebook aqui, porque na rede social acontecem ataques às mulheres. Fico muito feliz também que são duas mulheres que estão como representantes, e vamos cobrar que esses ataques nas redes sejam criminalizados e essas contas excluídas.”
Benedita: basta à misoginia
Muito aclamada pela plateia, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) também participou da cerimônia. Ela destacou que o desafio para enfrentar a misoginia é grande no país, onde a violência contra a mulher é uma constante e atinge principalmente as mulheres negras.
“Por isso a campanha é da sociedade como um todo, não basta ser maioria, ainda não alcançamos os espaços de decisão e poder para mudar o rumo dessa história, mas podemos, sim, mudar o final dela”, afirmou a parlamentar.
“Essa não é uma tarefa fácil, mas estamos juntas para que possamos buscar uma prevenção constante para que as mulheres brasileiras estejam realmente seguras e possam ir aonde elas queiram, e ficar com quem elas quiserem. Vamos dar um basta na misoginia”, conclamou Benedita.
A representante adjunta da ONU Mulheres no Brasil, Ana Carolina Querino, celebrou a iniciativa e reforçou a urgência de se lutar contra as desigualdades de gênero. “O lançamento do Brasil sem Misoginia é uma iniciativa acertada. É fundamental acelerar o progresso das mulheres”, disse
Cooperação técnica
No lançamento da ação, houve a assinatura de dois acordos de cooperação entre o Ministério das Mulheres e os Ministérios da Cultura e dos Transportes.
O acordo com o MinC busca promover a colaboração mútua no enfrentamento à misoginia por meio da construção de condições favoráveis e seguras para as práticas artísticas e culturais de meninas e mulheres.
A ministra da pasta, Margareth Menezes, destacou o alinhamento entre os órgãos na busca de um país sem violência contra as mulheres: “Precisamos ter o direito de nos posicionarmos. Precisamos criar uma estrutura de país onde a palavra seja a melhor maneira de debater. Arma de fogo não é processo democrático, não existe processo democrático onde arma de fogo é usada. O MinC tem essa sensibilidade no lugar da mulher”, disse, lembrando que a maioria dos trabalhadores da cultura é formada por mulheres.
Já com o Ministérios do Transportes, foi firmado um Protocolo de Intenções focado na mobilização de concessionárias e empresas públicas. “Procurei a ministra Cida para buscar inserir cada vez mais mulheres no mercado de trabalho na área do transporte e garantir respeito às mulheres que trabalham nele. Quero dizer que neste ministério nós também defendemos direitos iguais”, afirmou o responsável pela pasta, Renan Filho.
Termos de adesão
As entidades e empresas que aderiram à iniciativa assinaram o termo elaborado pelo MMulheres comprometendo-se a promover ações de enfrentamento à misoginia no âmbito de seu público, linguagem e capacidade. O intuito é estimular debates e reflexões sobre papéis sociais atribuídos a mulheres e homens e mobilizar a sociedade para as necessárias mudanças de comportamento dos grupos.
Entre algumas das entidades que se somaram à campanha estão a Articulação Brasileira de Lésbicas, a Agência Nacional de Mineração, Bayer Brasil, Coca-Cola Brasil, Cielo, CUT, Fórum De Mulheres do Mercosul, Frente Nacional de Mulheres do Hip Hop, Instituto Avon, Tim Celular, Shien, Natura, Youtube Brasil, Católicas Pelo Direitos De Decidir, Evangélicas Pela Igualdade de Gênero, Casas Pernambucanas, Uber Brasil.
“É uma alegria compartilhar este momento de esperança em que empresas, torcidas organizadas de futebol, movimentos sociais e sindicais, organizações religiosas, juntos se comprometem a promover ações de enfrentamento à misoginia cada qual em seu âmbito de atuação com seu público e sua linguagem e com a sua capacidade”, ressaltou Cida Gonçalves.
E acrescentou: “Vamos juntas e juntos estimular debates, reflexões sobre papéis sociais atribuídos a mulheres e homens, a mobilizar a sociedade para mudanças de comportamento dos grupos. O Ministério das Mulheres, enquanto inaugurador dessa iniciativa, estimula que cada parceiro protagonize campanhas de formação, de ações para construção da igualdade e no enfrentamento à violência”.
Participaram do lançamento as ministras Marina Silva (Meio Ambiente), Nísia Trindade (Saúde), Aniele Franco (Igualdade Racial) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas), além da vice-governadora do DF, Celina Leão, e da empresária Luiza Brunet.