Combate à fome

Governo Lula retira 20 milhões de brasileiros de quadro de insegurança alimentar

Aumento real do salário mínimo, recomposição do Bolsa Família e a redução dos preços dos alimentos contribuíram para queda do número de brasileiros com insegurança alimentar moderada ou grave, aponta o Instituto Fome Zero

Foto: Sergio Amaral/MDS

Governo Lula retira 20 milhões de brasileiros de quadro de insegurança alimentar

O Instituto Fome Zero confirma: o Brasil retomou o caminho para a saída do Mapa da Fome da ONU

O presidente Lula assumiu o compromisso de acabar com a fome até o final de seu mandato. Os dados da recente pesquisa do Instituto Fome Zero (IFZ) mostram que as ações implementadas pelo governo federal, desde janeiro de 2023, apontam para o êxito da promessa do presidente.

Aumento real do salário mínimo, recomposição do Bolsa Família – que passou para R$ 600 mais R$ 150 por criança até 6 anos, e a desaceleração dos preços dos alimentos tiraram 20 milhões de brasileiros de um quadro de insegurança alimentar moderada ou grave.

A queda de 65 milhões para 45 milhões de pessoas se deu na comparação do quarto trimestre de 2022 e o mesmo período de 2023, conforme estudo do IFZ. O aumento real, acima da inflação, da massa salarial em 11,7%, foi o maior desde o Plano Real, segundo cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), conforme publicado pela Folha de São Paulo.

O levantamento do IFZ indica ainda redução de 28 milhões para 20 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave.

“Nós vamos acabar com a fome outra vez no Brasil. Essa é uma das obsessões da minha vida. A fome é falta de vergonha na cara dos que governaram esse país. Temos todos os instrumentos para acabar com a fome. Essa não é apenas a primeira reunião do Consea. É a primeira reunião em que estamos assumindo o compromisso de que até o final do meu mandato não vamos ter mais ninguém passando fome. É um compromisso que temos que cumprir”, disse Lula, no começo de março, durante reunião de reativação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), órgão extinto por Bolsonaro.

Com Lula e Dilma, o Brasil havia saído do Mapa da Fome em 2014 mas vergonhosamente voltou em 2022 com o sucateamento das políticas públicas a partir do golpe na presidenta Dilma em 2016, culminando com o desgoverno Bolsonaro.

Nos nossos governos conseguimos criar um conjunto enorme de políticas públicas que fizeram com que as pessoas saíssem da fome. Nos vamos voltar a fazer isso”, afirmou Lula.

Melhora maior que a prevista

A partir de dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua (Pnad Contínua), do IBGE, o Instituto Fome Zero chegou a dois indicadores relacionados à fome.

O primeiro é a insegurança alimentar moderada, que é quando o indivíduo não tem três refeições diárias ou não se alimenta o suficiente. O segundo é a insegurança alimentar grave, quando fica um ou mais dias sem comer, em situação de fome.

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o diretor-geral do IFZ e ex-coordenador do programa Fome Zero no primeiro governo Lula, José Graziano, disse que os resultados mostram uma “melhora até maior do que a esperada”.

Já a renda real domiciliar per capita saltou 12,5% em 2023 se considerar o rendimento das famílias dividido pelo total de membros, conforme dados da Pnad Contínua revelados por Marcelo Neri, diretor da FGV Social, à Folha. Ele disse ainda que “a taxa de pobreza do país também deve apresentar importante recuo quando puder ser calculada com os dados da Pnad Contínua completa de 2023”.

Fome está relacionada à renda, diz pesquisador

O impacto do aumento real do salário mínimo foi estimado em cerca de 4% acima da inflação em 2023, segundo o Ipea, resultou no aumento do poder de compra de quem ganha o mínimo, além dos 26 milhões de aposentados. “O reajuste acaba puxando outros salários para cima, inclusive no setor informal”, destacou a Folha.

A redução continuada dos índices de insegurança alimentar entre 2004 e 2014 no Brasil tem muito a ver com a política de aumentos reais para o salário mínimo, disse Graziano ao jornal.

“A fome no Brasil está muito relacionada a renda. Ela se dá principalmente através do decréscimo de renda e pela perda da capacidade de consumo”, declarou à Record News o pesquisador do IFZ, João Pedro Magro, ao salientar que a deterioração do salário mínimo impede as pessoas de ter acesso aos alimentos.

“Em 2023 houve uma trégua na inflação que também contribuiu para a redução da insegurança alimentar e nutricional, mas agora a gente observa um movimento de um pouco de acréscimo dessa inflação, que é um movimento em parte sazonal. Tem alguns itens que tem elevação de preços internacionais, o que tem também correspondência com a elevação no preço. Existe também essa pressão internacional”, observou.

To top