Graças a uma ampla articulação feita pelo presidente Lula, durante o período em que esteve na presidência do bloco, o Mercosul anunciou, nesta quinta-feira (7/12), o maior fundo para a integração sul-americana da história.
Ao todo, serão investidos nos próximos anos US$ 10 bilhões para a conclusão de cinco rotas de integração e desenvolvimento, conectando não só os países-membros (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai, Venezuela e Bolívia), mas outras nações do continente, como Chile, Peru, Guiana e Guiana Francesa.
Essas rotas serão constituídas de estradas, ferrovias, pontes, hidrovias e aeroportos que tornarão muito mais veloz e eficaz o deslocamento de pessoas e produtos, fortalecendo o agronegócio, a indústria e o setor de turismo de toda a região.
As obras que serão responsabilidade do Brasil serão executadas dentro de um projeto batizado de Novo PAC Integração.
Lula: “Juntos somos mais fortes”
“Estamos nos aproximando de realizar o sonho da integração Atlântico-Pacífico”, resumiu Lula, ao se reunir, um pouco antes do anúncio, no Museu do Amanhã (Rio de Janeiro), com os demais presidentes do Mercosul.
O encontro marcou tanto a transmissão da presidência, que estava com o Brasil, para o Paraguai quanto a adesão da Bolívia, que participou de seu primeiro encontro como membro, o que foi saudado por Lula.
“A entrada da Bolívia é uma conquista muito importante para o Mercosul, que passa a contar com 283 milhões de pessoas e o PIB de US$ 4,8 trilhões. Por isso, temos sempre de ter a ideia, independentemente de quem estiver na Presidência dos nossos países, de que juntos somos mais fortes”, disse o presidente.
O financiamento para a conclusão das cinco rotas virá do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), do CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina) e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que assegurarão U$ 3 bilhões cada um. Já o Banco de Desenvolvimento (Fonplata) disponibilizará US$ 1 bilhão.
Mercadante: “Mais comércio, turismo, emprego e renda”
Coube ao presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, explicar a importância do projeto. Ele começou lembrando que, para o Brasil, o mercado sul-americano é hoje mais importante que o dos Estados Unidos. E o latino-americano tem mais relevância que o da União Europeia.
Isso porque, enquanto o país exporta US$ 35,8 bilhões para os países do continente, as vendas para os Estados Unidos somam US$ 28,7 bilhões. Quando se considera toda a América Latina, as exportações brasileiras alcançam US$ 45,4 bilhões, valor superior aos US$ 42,1 bilhões comprados pela União Europeia.
“Portanto, faz todo o sentido fazermos esse investimento”, argumentou Mercadante. “Se tivermos mais logística, com mais estradas, mais ferrovias, mais pontes, mais integração energética, mais fibra ótica conectando a região, teremos mais serviços, mais comércio, mais turismo, mais emprego, mais renda para toda a região”, completou.
Tebet: agronegócio ganhará muito
O Ministério do Planejamento deve fazer uma apresentação detalhada das cinco rotas de integração nesta sexta-feira (8). Mas a ministra Simone Tebet já antecipou alguns dos benefícios que esse projeto trará para a economia brasileira, em particular para o agronegócio.
Uma das rotas, por exemplo, que ligará Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraguai e Chile, fará com que a produção agrícola de diversos estados brasileiros leve 20 dias a menos para chegar até o Oceano Pacífico, de onde segue para o mundo. “Isso é aumentar nossa competitividade”, comemorou a ministra.