Ontem à noite afirmou-se aqui que o represamento das concessões de aposentadorias era uma “pedalada” do ministério da Economia para ajudar a melhorar seu fluxo de caixa.
Hoje, trago os números que sustentam esta afirmação, contidos na publicação oficial do INSS, o Boletim Estatístico da Previdência Social. Todos eles podem ser vistos aqui.
Em janeiro de 2019, quando o governo Bolsonaro assumiu, havia um total de 682,5 mil processos pendentes do INSS, divididos “meio a meio” entre os dependentes de análise e os que esperavam complementação documental.
Em outubro passado, este número havia subido para 904,7 mil, já agora quase 90% deles por conta de análise e pouco mais de 10% por documentação pendente.
Aceitemos que essa ampliação de 32,5% do estoque de processos (+ 220 mil) , em dez meses, seja o resultado dos problemas operacionais causados pela falta de funcionários.
Mas como, então, aceitar, que em apenas dois meses – novembro e dezembro – o atraso tenha saltado mais de 100% e chegado a dois milhões de processos em atraso?
Como, se com as mesmas deficiências, de setembro para outubro o numero de processos encalhados foi de pouco mais de 30 mil e, nos dois seguintes, teria subido, em cada um, mais de 500 mil?
Em dois meses, o nível de represamento subiu em mais de um milhão e processos e levando em conta que os pedidos, em novembro e dezembro foram supostamente menores, porque quem tinha direito não esperou estes dois meses em que já vigia a “nova previdência”, já alongando o tempo de serviço e a idade necessárias ao pedido.
Só há uma maneira de isso ter sido possível: com uma orientação para não liberar os benefícios no final do ano, como forma de fazer caixa com os recursos previdenciários.
Não é “falha no sistema”, é falha de caráter.