Os jornais informaram nesta semana que o governo está preparando leilões de campos do pré-sal para arrecadar R$ 24 bilhões até 2019, dos quais R$ 8,5 bilhões ainda em 2017. A política de fazer caixa às custas da entrega das reservas do pré-sal não é novidade, depois que novas regras liberaram a exploração para empresas privadas internas e externas. A troca do regime de partilha para concessão, afastando a Petrobras da exploração, foi sancionada em novembro de 2016 por lei de autoria do senador José Serra (PSDB-SP). Até hoje, apenas um leilão do pré-sal foi realizado, em 2013, e ainda sob as condições antigas.
Por conta da lógica do atual governo, a Petrobras já se desfez de 66% das reservas do Campo de Carcará, na Bacia de Santos, considerada uma das “joias da coroa”, vendida para a norueguesa Statoil, por apenas US$ 2,5 bilhões. Uma das maiores descobertas do pré-sal já feitas pela Petrobras, o Campo de Carcará detém, segundo a própria empresa compradora, entre cerca de 700 milhões a 1,3 bilhão de barris de óleo equivalente. Considerando as estimativas de que o bloco vendido poderá conter em torno de 10 bilhões de barris, o preço de venda do Campo de Carcará poderá chegar ao “criminoso” valor de apenas US$ 0,20 a US$ 0,30 o barril.
Segundo estudo da Assessoria Técnica da Bancada do PT no Senado, outras áreas do pré-sal já desnacionalizadas são os blocos em Iara e Lapa, na Bacia de Santos, no Sudeste-Sul do país, vendidas para a petroleira francesa Total, também a preços depreciados. Do campo de Iara, estão sendo entregues 22,5%, ou seja 900 milhões de barris, enquanto do campo de Lapa são outros 35%, equivalente a cerca de 210 milhões de barris. A exemplo do Campo de Carcará, o volume estimado de barris se refere às reservas provadas, e não ao pleno potencial de produção, o que resulta em valor pago por barril de apenas US$ 1,35.
Para a Federação Única dos Petroleiros (FUP), o presidente da Petrobras, Pedro Parente, corre contra o tempo para entregar a empresa nas mãos do mercado e dos investidores internacionais. De acordo com a entidade, ele segue a mesma lógica ultraliberal dos anos noventa, quando participou ativamente dos processos de privatização e das parcerias público/privado do governo FHC. Os petroleiros também denunciam o fim da política de conteúdo local, que transfere para o exterior encomendas de equipamentos, navios e plataformas.