Humberto: “Que o presidente interino e sem voto não pense que a destruição de políticas públicas coerentes e do tratamento regional equânime que vinha sendo dispensado até agora, virá sem reação” O senador Humberto Costa (PT-RS), líder da bancada, afirmou nesta terça-feira (16), que em um País de dimensões continentais como o Brasil, que possui situações tão distintas entre estados, onde uns têm elevado grau de desenvolvimento e outros alarmantes índices de carência, é preciso exercitar a justiça para combater as desigualdades.
Para Humberto, não há falácia maior do que, em nome de uma alegada igualdade, dar tratamento semelhante a quem tem realidades diferentes e enfrenta problemas de dimensões diversas. “É o caso da situação das regiões brasileiras, da disparidade entre estados ricos e pobres. Entre quem precisa e quem precisa ainda mais. Situações distintas exigem soluções específicas”, recomendou.
O governo provisório, segundo Humberto, volta o seu olhar para quem mais possui e anuncia soluções para quem menos precisa. “A recente renegociação da dívida dos estados como o Rio de Janeiro e Rio Grande Sul é um exemplo desse desdém reservado por um governo ilegítimo a regiões mais pobres”, apontou. “A renegociação da dívida do Rio, por exemplo, envolveu um aporte de quase 3 bilhões de reais, a título de ajuda por conta das Olimpíadas. Não que a decisão seja absurda. Despropositada é não ter mesma “sensibilidade” com os estados de regiões como o Norte e o Nordeste”, acrescentou.
Vale lembrar que o afundamento das contas do Rio de Janeiro segue o modelo que o governo provisório quer implantar no plano federal, com um ajuste fiscal que tira dos pobres para dar aos ricos, uma fórmula falida que o próprio FMI reconhece como uma furada.
Para o líder, Michel Temer não conhece, nem faz questão de conhecer o Norte ou o Nordeste do País. São regiões que não estão e nunca estiveram na agenda dele, nem faz parte de suas preocupações. Humberto lembrou que o presidente interino sequer pisou nestas regiões depois que protagonizou – junto com seu líder político Eduardo Cunha – o golpe que tirou do poder uma presidente que tinha justamente nessas regiões a sua preocupação principal e sua maior base política.
A equipe econômica do governo provisório foi escolhida a dedo, conforme vai se provando, para desmontar políticas sociais e programas de governo que têm como meta reduzir as desigualdades. “O nome disso é retaliação. O objetivo é mudar para pior, retroceder e fazer voltar o tempo em que o Norte e Nordeste serviam apenas como rebanho em épocas de eleição. Uma realidade que foi mudada ao longo dos governos de Lula e de Dilma, dos governos do PT, quando a Federação foi tratada de maneira equilibrada, justa, levando em conta das necessidades e as demandas”, salientou. Temos, agora, a volta da discriminação regional.
Entre os objetivos dos apoiadores do golpe contra Dilma alguns são preocupantes: jogar pelo ralo as conquistas trabalhistas; mexer danosamente na Previdência Social; privatizar a Saúde, tornando o ministério um apêndice das grandes empresas de planos de saúde e vilipendiar a Educação, cortando verbas para pesquisa, extinguindo centenas de cursos e milhares de vagas e acabando com programas que como o Ciência Sem Fronteira.
“Que o presidente interino e sem voto não pense que a destruição de políticas públicas coerentes e do tratamento regional equânime que vinha sendo dispensado até agora, virá sem reação”, avisou.
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