Delcídio: “Pedi que a situação seja apurada, até para que nós conduzíssemos com equilíbrio, justiça e bom senso”Por requerimento dos senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Roberto Requião (PMDB-PR) e Vanessa Graziottin (PCdoB-AM) aprovado nesta quinta-feira (18) pelo plenário da Casa, uma nova comissão de senadores brasileiros deverá visitar a Venezuela para conversar tanto com a oposição quanto com o governo daquele país. Esse foi um dos encaminhamentos tomados após os incidentes envolvendo uma caravana de senadores oposicionistas, liderados por Aécio Neves (PSDB-MG) ter sido supostamente hostilizada na chegada ao Aeroporto Internacional Simon Bolívar, em Maiquetia, município vizinho a Caracas.
Segundo relatos desses senadores — além de Aécio, Aloysio Nunes (PSDB-SP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Ronaldo Caiado (DEM-GO), José Agripino (DEM-RN), Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Sérgio Petecão (PSD-AC) e José Medeiros (PPS-MT) — eles teriam sido impedidos de prosseguir de Maiquetia a Caracas por manifestações de” militantes chavistas” que teriam fechado a pista que dá acesso à capital. Os senadores petistas Delcídio do Amaral (MS), líder do Governo na Casa, Jorge Viana (AC), vice-presidente do Senado, e Lindbergh Farias (RJ), manifestaram sua solidariedade aos colegas que estão na Venezuela e defenderam a apuração dos fatos naquele país antes de se assumir posições açodadas. Eles ponderaram que ainda não era o momento de aprovar uma “moção de repúdio” do Senado, como insistia a senadora Ana Amélia (PTB-RS). Ela então apresentou uma moção em seu nome, como permite o regimento.
Na condição de líder do governo, Delcídio fez contato com o Palácio do Planalto e com alguns ministros, entre eles Mauro Vieira, das Relações Exteriores, assim que as primeiras notícias começaram a chegar ao Senado. “Pedi que a situação seja apurada, até para que nós conduzíssemos com equilíbrio, justiça e bom senso esse fato que, se ocorrido, evidentemente, representa um incidente que nada ajuda nas relações que o Brasil tem com a Venezuela”, narrou o senador ao plenário.
Por volta das 17h30, as informações que chegavam ao Senado ainda eram bastante contraditórias. Pela rede social twitter, Ronaldo Caiado parecia narrar um cerco a um forte apache, enquanto outros relatos davam conta de que o protesto encontrado pelos senadores brasileiros não era dirigida a eles, mas a um prisioneiro extraditado da Colômbia para a Venezuela, ligado a grupos paramilitares e acusado de ter assassinado um deputado chavista. Esse preso chegou a Caracas hoje, em horário próximo ao do pouso do avião que levava a comitiva de senadores oposicionistas brasileiros. Já segundo o site oposicionista 2001.com.ve (anti-chavista), o que teria causado o grande congestionamento foi o tombamento de um caminhão na pista que dá acesso à capital, Caracas.
Às 18h44, o senador tucano Aloysio Nunes avisou pelo twitter que a comitiva tinha desistido de sua visita aos oposicionistas do país vizinho. “Impedidos de cumprir missão na Venezuela, senadores, decidimos voltar ao Brasil”, postou ele no twitter. A viagem à Venezuela foi decidida na Comissão de Relações Exteriores, presidida por Nunes, e o objetivo seria “ouvir” oposicionistas venezuelanos. Antes de embarcar, alguns integrantes da comitiva tinham tentado criar um factoide, alegando que a Venezuela não teria autorizado o pouso do avião da Força Aérea Brasileira que os levaria até lá, antes que os trâmites corretos fossem cumpridos. Na verdade, a autorização foi solicitada formalmente pelo governo brasileiro, como exige o protocolo internacional para que qualquer avião militar estrangeiro entre em espaço aéreo de um país na segunda-feira (15), e concedida pela Venezuela dois dias depois.