O Governo tem tido sucesso na manutenção da inflação sob controle nos últimos anos e não irá hesitar em tomar medidas para continuar controlando o avanço dos preços, mesmo com medidas “não populares”, como a elevação dos juros. A declaração é do ministro da Fazenda, Guido Mantega. “A área econômica não se pauta pelo calendário político”, disse, nesta sexta-feira (12), durante seminário “Rumos da Economia: Nosso modelo de crescimento” da revista Brasileiros,
O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, se reúne na próxima semana definir o futuro da taxa básica de juros, hoje na mínima histórica de 7,25% ao ano.
Mantega fez questão de frisar, no entanto, que a tendência mostrada pelo IPCA, divulgado esta semana, no primeiro trimestre é de desaceleração, em linha com o fim da sazonalidade desfavorável de alimentos. “A agricultura mais alimentar, de não commodities, tem volatilidade grande de ano para ano, mas isso é passageiro”, disse.
A pressão cambial registrada em 2012, que teve impacto de 0,5 ponto percentual no IPCA do ano passado, nas contas do ministro, também não irá se repetir este ano, já que a cotação do dólar esta relativamente estável em torno de R$ 2 nos últimos meses. Sem o impacto do câmbio a inflação, o IPCA teria sido de 5,3% em 2012. Outra boa noticia teria vindo da inflação de serviços menos pressionada em março.
Segundo Mantega, a atual política monetária é mais eficaz, com juros menores e câmbio menos valorizado. Ele também voltou a dizer que as mudanças estão em curso e demoram certo tempo para surtirem efeito. Quando se reduz a taxa de juros, argumenta, é preciso que a economia se adapte à nova situação. “A economia brasileira convivia com os juros mais altos da Terra. É como se economia brasileira tivesse se viciado a taxas altas de juros.” Quando se reduz a taxa de juros, diz ele, há redução de custo de produção, mas também da renda financeira. Num primeiro momento, explicou o ministro, a tendência não é de expansão da atividade. “É preciso adaptação para que a economia passe a buscar rentabilidade no setor produtivo. Quando se baixa a taxa de juros em outros países, a reação é mais imediata, desde que não estejam na atual crise mundial.”
Os efeitos, porém, virão ao longo do tempo, diz Mantega. “O investimento realmente deslanchou e deve se manter nessa trajetória ao longo de 2013”, disse. Quando se altera o câmbio, destaca, com desvalorização em torno de 17% como no ano passado, a economia precisa se adaptar a exportação não aumenta porque a economia mundial se contraiu. “Isso acontecerá em momentos seguintes quando serão colhidos os frutos dessas mudanças.”
O ministro também citou o programa de desonerações, que reduziu o peso da carga tributária de diversos setores produtivos. Segundo ele, trata-se de um programa ousado. Em 2012, diz ele, houve redução de R$ 44,5 bilhões
O ministro ainda citou a unificação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), em tramitação no Senado e que deverá aprovado pelo Congresso Nacional nos próximos meses. A próxima reforma a ser proposta pelo Governo será a do PIS e Cofins. Tudo isto, na avaliação de Mantega, irá contribuir para a melhora do cenário interno brasileiro.
Tolerância
Na esteira das declarações do Ministro da Fazenda, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou, também nesta sexta-feira, que não haverá tolerância com a inflação e que, neste momento, o BC monitora atentamente todos os indicadores. “No futuro, vamos tomar decisões sobre o melhor curso para a política monetária”, afirmou.
“O Banco Central tem dito que não há e não haverá tolerância com a inflação. Nós estamos nesse momento monitorando atentamente todos os indicadores e obviamente no futuro vamos tomar decisões sobre o melhor curso para a política monetária”, disse Tombini, que participa da XV Reunião de Presidentes dos Bancos Centrais da América do Sul, que ocorre no Rio de Janeiro.
A inflação oficial de março de 0,47%, segundo o IPCA, foi menor que a de fevereiro (0,60%), mostrando a tendência de queda. Se tirar do percentual de 0,47%, a pressão dos alimentos, a taxa inflacionária seria de 0,25%
Com informações do Valor Econômico
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