O PT – Partido dos Trabalhadores – que completa 41 anos de fundação na próxima quarta-feira (10) – nasceu da união histórica entre sindicalistas, intelectuais, artistas, setores ligados à Teologia da Libertação da Igreja Católica e militantes políticos que faziam oposição à ditadura militar e retornaram ao país após a decretação da anistia.
Após a realização das grandes greves organizadas pelo movimento sindical na região do ABC paulista em 1979 e 1980, os sindicalistas liderados por Luiz Inácio Lula da Silva entenderam a necessidade de se criar um partido políticos, dentro do processo de redemocratização do país, que fizesse a defesa das lutas e participasse da organização da classe trabalhadores brasileira.
Esse objetivo fica explicitado no texto do Programa do PT que seria aprovado durante o processo de criação do partido:
“ (…) O PT nasce numa conjuntura em que a democracia aparece como uma das grandes questões da sociedade brasileira. Para o PT, a luta democrática concreta de hoje é a de garantir o direito à livre organização dos trabalhadores em todos os níveis. Portanto, a democracia que os trabalhadores propõem tem valor permanente, é aquele que não admite a exploração econômica e a marginalização de muitos milhões de brasileiros que constroem a riqueza do País com o seu trabalho (…)”.
No dia 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion, na capital paulista, é realizado o lançamento do Manifesto de Fundação do Partido dos Trabalhadores, com a participação de sindicalistas, intelectuais, artistas e católicos ligados à Teologia da Libertação. O documento seria publicado no Diário Oficial em 21 de outubro daquele mesmo ano.
“O Partido dos Trabalhadores surge da necessidade sentida por milhões de brasileiros de intervir na vida social e política do País para transformá-la. A mais importante lição que o trabalhador brasileiro aprendeu em suas lutas é a de que a democracia é uma conquista que, finalmente, ou se constrói pelas suas mãos ou não virá (…)”, diz o trecho de abertura do manifesto.
A ficha de filiação de número 1 é assinada pelo lendário ativista político Apolônio de Carvalho, seguido pelo crítico de arte Mário Pedrosa, pelo crítico literário Antonio Candido e pelo historiador e jornalista Sérgio Buarque de Hollanda, figuras destacadas no meio intelectual brasileiro e na luta democrática durante os anos de chumbo vividos durante a ditadura militar.
Como não poderia deixar de ser, o grande líder sindical e principal articulador da construção do partido, Luiz Inácio Lula da Silva é eleito como presidente à frente da primeira Comissão Executiva Nacional Provisória do partido.
A aproximação das lideranças sindicais com militantes políticos da antiga esquerda brasileira que combatiam o regime militar e tiveram seus direitos políticos devolvidos durante o processo de abertura política possibilitou a realização de um debate amplo a respeito da proposta ideológica do partido. Desde o início da sua fundação, o PT fez uma opção ideológica pelo socialismo democrático, com críticas aos modelos de socialismo até então implantados em outros países e também ao reformismo proposto pelos partidos social-democratas.
Durante o 1º Encontro Nacional realizado nos dia 8 e 9 de agosto de 1981 é aprovado o Regimento Interno e eleitos os membros do primeiro Diretório Nacional, tendo Lula como presidente nacional.
Paralelamente à criação do PT, lideranças sindicais em várias regiões do país deram início à reorganização de um movimento sindical fora da tutela do estado – o que foi notório durante a Era Vargas – e isso seria concretizado em 21 de agosto de 1981 com a realização da Conferência das Classes Trabalhadoras (CONCLAT), que daria origem à Central Única dos Trabalhadores (CUT).
E no dia 11 de fevereiro de 1982, o PT é oficialmente reconhecido como partido político pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).