Gleisi: “Sabem que tem algo errado para tirar uma presidenta por crimes que não cometeu”

Gleisi: “Sabem que tem algo errado para tirar uma presidenta por crimes que não cometeu”

As participações da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) na tribuna do Senado têm sido esclarecedoras. Nesta segunda-feira (15), ela mostrou o que várias lideranças políticas percebem diariamente em seus municípios, em seus estados, em suas bases. “Há um mal-estar na sociedade. As pessoas sabem que tem alguma coisa de errado. Estão querendo tirar uma presidenta por crimes que ela não cometeu”, afirmou. O paradoxo que está na vida real das pessoas é o seguinte: a ficha caiu e segmentos da direita, da elite, querem legitimar um presidente que não teve voto e seu único objetivo é acabar com os direitos sociais, para cumprir a agenda derrotada dos financistas. 

Sobre o sucesso que está sendo as Olimpíadas do Rio de Janeiro, Gleisi creditou esse desempenho à vontade política do presidente Lula e da presidenta Dilma que acreditaram ser possível realizar esse grande evento esportivo. “A presidenta Dilma dedicou-se com zelo, com preciosismo a cada um desses eventos. Se hoje temos o sucesso que temos na realização da Copa e das Olimpíadas foi porque, primeiro, o presidente Lula acreditou, com um conjunto de lideranças brasileiras, que era possível o Brasil realizar eventos como esses. Segundo, porque a presidenta acompanhou pessoalmente a realização”. 

Vale notar que o presidente interino pegou carona nesta realização que a mídia tenta esconder, por mais que esteja faturando alto. Por falta de coragem, uma característica do interino, sua tática foi se esconder para aparecer menos possível na abertura dos jogos. Pediu que seu nome não fosse citado. E quando, em segundos, declarou aberto os jogos, recebeu uma vaia homérica. É disso que se trata quando se fala que a ficha está caindo. O impeachment sem crime é golpe e as pessoas lá na ponta percebem que a presidenta Dilma não está em lista de empreiteira, não tem dinheiro ilegal de propina na Suíça, que não recebeu dinheiro no Palácio do Alvorada, e que também, na calada da noite, não se reuniu com ministro do Supremo Tribunal Federal para estancar qualquer movimento contra ela.  

Gleisi também falou, em seu discurso, sobre o legado que ficará para a sociedade brasileira assim que acabar as olimpíadas. Investimentos em aeroportos, na vila olímpica, em centros de treinamento, de doping, que será referência mundial. Enfim, o sucesso de realizar grandes eventos começou mesmo na cúpula das nações, quando chefes de estados estiveram no Brasil, ou na visita oficial do Papa Francisco ou nos Jogos Militares. 

A senadora, durante seu discurso, foi aparteada por Lindbergh Farias (PT-RJ) que desmontou a tese usada por setores retrógrados da sociedade, neo-direitistas, que falam sobre a presença de atletas militares nos jogos. Na verdade, ocorreu o inverso: foi decisão de Lula e de Dilma para que as Forças Armadas pudessem recepcionar os atletas de alto rendimento e pudesse ajuda-los a se preparar. É essa a questão. São, ao todo, 145 atletas militares, que recebem bolsa. 

Leia íntegra do discurso de Gleisi Hoffmann (PT-PR) 

A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Obrigada, Senador Paim. Bonita homenagem que V. Exª fez ao nosso companheiro executado Edésio Passos, um histórico da sua vida e da sua dedicação.

Mas quero começar, Senador Paim, Srªs e Srs. Senadores, quem está nos ouvindo pela Rádio Senado e assistindo pela TV Senado, fazendo uma saudação aos nossos oito medalhistas brasileiros nestas Olimpíadas: a Rafaela Silva, que é ouro no Judô, ouro negro feminino; prata, o Felipe Wu, no Tiro Esportivo; Diego Hypolito, Ginástica Artística – aliás, o Diego estava muito feliz ontem, parecia um menino, pulava de alegria. A conquista foi muito comemorada por ele – e prata também agora, a Senadora comentou aqui, o Arthur Zanetti, na Argola. No bronze, o Arthur Mariano, Ginástica Artística; a Poliana Okimoto, na Maratona Aquática; Mayra Aguiar, no Judô; e Rafael Silva, também no Judô.

Quero cumprimentar a todos esses medalhistas, a todos esses desportistas que participaram defendendo o Brasil e que nos enchem de orgulho com suas medalhas, mas também aqueles que participaram e não ganharam medalhas, pois participaram, concorreram, acreditaram e se dedicaram às Olimpíadas.

E não poderia deixar de fazer uma referência muito especial, Senador Paim, à Seleção de Futebol Feminina, que tem dado muito orgulho ao povo brasileiro, muito orgulho mesmo. Com poucos recursos, quase sem investimentos, sem atenção adequada, a Seleção Feminina está dando um show de futebol. Então, em nome da Marta, quero cumprimentar a todas as meninas que têm representado o nosso País no campo.

Também queria, Senador Paim, relembrar um pouquinho o que significam estas Olimpíadas para o Brasil. Aliás, é mais uma aposta de sucesso de Lula e de Dilma. Eu estava assistindo à abertura das Olimpíadas e me veio com força à cabeça a discussão anterior que tivemos sobre a Copa. V. Exª lembra o jargão utilizado no País para quem não estava achando que a Copa ia dar certo: imagina na Copa. Era quase como um agouro para que as coisas dessem errado. E tivemos uma das Copas mais bonitas e mais organizadas de todos os tempos. Não deixamos a desejar nada para ninguém.

Com isso, lembrei que quando assumi a chefia da Casa Civil, cargo para o qual a Presidenta Dilma havia me convidado, uma das primeiras coisas que ela me falou foi o seguinte: nós vamos ter muitos desafios aqui, muitos programas para organizar, muitas coisas para fazer, mas nós temos uma responsabilidade com quatro grandes eventos internacionais pelos quais o Brasil lutou e se comprometeu a realizá-los e não podemos falhar como País. Portanto, a Casa Civil tem que participar pari passu da governança e da organização desses eventos.

Quais eram esses eventos? O primeiro era a Rio+20, quando recebemos mais de 100 chefes de Estado aqui; o segundo era a visita do Papa Francisco; o terceiro era a Copa do Mundo; e o quarto, as Olimpíadas.

A Presidenta Dilma – eu a acompanhei e posso falar isso, porque vivenciei – dedicou-se com zelo, com preciosismo a cada um desses eventos. Se hoje temos o sucesso que temos na realização da Copa e na realização das Olimpíadas foi porque, primeiro, o Presidente Lula acreditou, com um conjunto de lideranças brasileiras, que era possível o Brasil realizar eventos como esses; e, segundo, porque a Presidenta Dilma pessoalmente acompanhou a realização.

Aliás, a dedicação e o preciosismo da Presidenta Dilma não são só em relação aos eventos internacionais que nós recebemos aqui e que deram tão certos. Eu acompanhei essa mesma dedicação e esse mesmo preciosismo em programas e projetos como o Minha Casa, Minha Vida; o Brasil sem Miséria, que era uma busca ativa, em que nós tínhamos que ir atrás das pessoas que não tinham sequer condições de procurar o Estado, para serem atendidas; o Mais Médicos, que, infelizmente, está com uma medida provisória tramitando nesta Casa e que não recebeu do Governo a atenção necessária e pode cair, e nós não vamos ter prorrogação do programa; as Super Creches; o Ciência sem Fronteiras; o Programa de Investimentos em Logística (PIL), que está sendo mudado agora pelo Governo interino.

 

Aliás, esse Programa de Investimentos em Logística foi responsável para que nós fizéssemos melhoras consideráveis nos aeroportos brasileiros. Só eu participei e ajudei a coordenar a concessão de quatro aeroportos no Brasil, de três grandes aeroportos – o de Brasília, o de Campinas e o de São Paulo. Melhoramos os nossos aeroportos, e isso também foi importantíssimo para a realização dos eventos internacionais.

Houve o Pronatec; a Casa da Mulher Brasileira; o enfrentamento à maior seca que nós tivemos nos últimos 50 anos; e a estruturação de ações para enfrentar desastres naturais; e muitos outros programas que a Presidenta coordenou com tanta eficiência e que tanta diferença fizeram na vida do povo brasileiro.

Mas hoje eu queria falar da preparação dos grandes eventos e, particularmente, da preparação das Olimpíadas, que eu pude acompanhar de perto por um bom período no governo, como Ministra da Casa Civil. Alguns analistas chegam a dizer que o Brasil surpreendeu. Foi assim na Rio+20, foi assim com o Papa Francisco, foi assim na Copa, e, agora, de novo, nas Olimpíadas, na abertura – o Brasil surpreendeu.

Só acha isso quem não reconhece a grandeza do nosso País e quem não acompanhou o esforço empreendido por Lula e Dilma para que esses eventos acontecessem e para que eles mostrassem ao mundo a capacidade, a competência e as belezas do Brasil. Até na recepção, agora, das Olimpíadas, eu tinha certeza de que havia o dedo da Presidenta, quando ela me disse que um dos organizadores foi o Abel Gomes, o mesmo que organizou a recepção da Rio+20 para mais de cem chefes de Estado. Na Rio+20, nós tivemos cem chefes de Estado participando do evento.

Infelizmente, nestas Olimpíadas, nós tivemos uma presença pífia de representações governamentais, seja de chefes de Estado, seja de chefes de governo, porque a maioria questionava a legitimidade do Presidente que está aí, do Presidente interino. E foi uma abertura que embeveceu o mundo, linda, com recursos mais baratos, mas que mostraram a beleza do nosso Brasil para o mundo. E ficou mesmo a marca da Presidenta nessa abertura e nestas Olimpíadas.

Tanto é assim que o Vice interino sequer teve a coragem de deixar o seu nome ser pronunciado. E, nos dez segundo, em que falou, ganhou uma vaia homérica, porque, obviamente, o País não o reconhece como Presidente legítimo nem como Presidente responsável por aquele evento que estava ali a encantar o mundo.

Então, eu quero parabenizar o Presidente Lula, a Presidenta Dilma pela realização das Olimpíadas: um por ter trazido, acreditado no Brasil, no sentido de que nós poderíamos ter as Olimpíadas, e o outro por ter realizado. E não é fácil realizar um evento dessa magnitude, porque não é só o Ministério do Esporte envolvido; é a área de segurança, é a área de infraestrutura, a área de logística, a área de educação, as Forças Armadas. Você mexe com o Governo, com setores da iniciativa privada para que as coisas aconteçam.

E há grandes investimentos que ficam como legado para o País. A Copa trouxe investimentos importantes nos nossos aeroportos, nas nossas rodovias; investimentos que estão hoje à disposição do povo brasileiro. E assim, também, as Olimpíadas.

 

Lembro-me da comemoração, Senador Lindbergh – vou já lhe passar em palavra –, em junho de 2008, quando conquistamos, quando o Rio ganhou a eleição no COI para trazer as Olimpíadas. Foi um comemoração imensa, inclusive da grande mídia brasileira, uma parte dessa mídia, patrocinadora do evento, e também investidora nesse evento.

E foi um programa importante que fizemos logo em seguida, foi o programa de incorporação de atletas de alto rendimento às Forças Armadas, decorrência das Olimpíadas militares que tínhamos realizados no Brasil e que teve tanto sucesso, e foi uma determinação de Governo.

Hoje vejo as pessoas elogiando que temos, por exemplo, dois medalhistas aqui – os que tenho certeza –, o Felipe Wu, que é do Exército, e a Poliana Okamoto, da Marinha, mas a Rafaela Silva também é, se não me engano, capitã do Exército. E por quê? Porque isso foi uma política de governo, foi decidida pelo governo do Presidente Lula, depois coordenada pela Presidente Dilma, para que as Forças Armadas pudessem recepcionar esses atletas de alto rendimento e pudesse ajudá-los a se preparar.

Então, quando falam: “Ah! É o Exército brasileiro, é o Brasil…”, é como se isso tivesse nascido sem nenhuma vontade política. E não é verdade. Houve um esforço para isso, como os centros de treinamento, como o Bolsa Atleta, que, agora, em 2012, transformamos em Bolsa Pódio, que é uma bolsa especial, para que esses atletas – quase todos os medalhistas receberam – tivessem um atenção diferenciada. É uma bolsa de R$15 mil por atleta e, além disso, há uma equipe multidisciplinar que acompanha os atletas – técnico, nutricionista, fisio, médico, psicólogo, treinador –, para que pudessem ter desempenho. O Diego Hypólito reconheceu isso e disse que essa foi uma das melhores preparações que ele teve para as Olimpíadas, talvez seja por isso que ele tenha conseguido chegar onde chegou, porque potencial, capacidade ele tinha; precisava de oportunidade.

Fico muito feliz, porque vi isso acontecer, Senador Paim. Ninguém me falou, vi como isso foi gestado no Palácio do Planalto, como a Presidenta se preocupou com os detalhes, com os recursos que foram investidos – pelo menos, R$87 milhões do Ministério dos Esportes e R$70 milhões das empresas estatais que patrocinaram esses atletas. Isso fez uma diferença imensa na participação desses jovens e isso foi uma decisão política. Não nasceu desse Governo interino, não nasceu de algo em que se pensou só em um Ministério ou em uma corporação, não, foi uma decisão política do Presidente Lula e uma decisão política da Presidenta Dilma.

Concedo um aparte ao Senador Lindbergh Farias.

O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – RJ) – Senadora Gleisi, quero parabenizar pelo pronunciamento, acho que V. Exª já esclareceu uma parte. Na verdade, temos 145 atletas que estão hoje vinculados às Forças Armadas, 30% dos nossos atletas. E isso foi uma decisão que surgiu em 2008. Nós teríamos o jogos mundiais militares, em 2011, teríamos as Olimpíadas também. E fizemos, na verdade, uma parceria: Ministério do Esporte e Ministério das Forças Armadas. Qual o problema de uma parte dos atletas? Era se sustentar nesse período. Aí foram criados cargos, vários cargos foram criados, houve a interferência do Ministério da Casa Civil. V. Exª, inclusive, foi Ministra no governo da Presidenta Dilma, mas esse processo começa em 2008…

A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – PR) – Com ela como Ministra da Casa Civil.

 

O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – RJ) – Era Dilma como Ministra da Casa Civil. E, na verdade, então, o atleta recebia o salário, e o Ministério do Esporte pagava viagens, uniformes. Foi feita uma grande parceria. O atleta Wu, que era do tiro… Hoje, conversei com o ex-Secretário de Alto Rendimento do Ministério do Esporte. O Wu, que ganhou no tiro, foi medalha de prata. O Exército selecionava alguns, as federações, outros, e eles também. Ele disse que o Wu, a ideia de entrarem lá eles começaram a ter, porque ele estava com problema, que era o de viajar pelo País com armas. Ele não tinha porte de armas. Tinha uma característica qualquer envolvendo isso. E eles o colocaram no programa. Mas o interessante do projeto é que apontavam também para uma possibilidade de continuação na carreira. Então, foi um programa muitíssimo exitoso. Acho importante destacar: uma belíssima iniciativa do Presidente Lula e da Presidente Dilma Rousseff, e que deu certo, e que tem de continuar. Acho importante ressaltar isso, porque vi tanta bobagem na internet: grupos de extrema direita que defendem a intervenção militar se aproveitando de uma política pública que nasceu nesses governos do PT.

A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – PR) – De uma decisão política.

O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – RJ) – Por uma decisão política. Agora, hoje está virando dia das cartas, porque já li uma carta aqui e há uma postagem do Ministro Juca Ferreira, que eu queria, se V. Exª me desse oportunidade, rapidamente, ler.

A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – PR) – Claro. Pode ler.

O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – RJ) – Porque tem a ver com a abertura das Olimpíadas. Ele fez na emoção daquele dia. Aquela abertura que ganhou o Brasil,…

A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – PR) – Linda!

O Sr. Lindbergh Farias (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – RJ) – … contagiou todo mundo e que foi linda. Escreve Juca Ferreira:

O Brasil democrático driblou o golpe e se mostrou pro mundo.

Foi linda a abertura dos Jogos Olímpicos. Linda como espetáculo e não ficou devendo nada às aberturas anteriores. Mostrou um Brasil orgulhoso de sua formação miscigenada e de sua diversidade cultural, marcas de nossa posição singular no mundo.

Parabéns aos artistas e técnicos que criaram este espetáculo assistido por mais de quatro bilhões de pessoas em todo o Planeta.

Parabéns ao Presidente Lula, que acreditou num Brasil livre de complexos de inferioridade, e se empenhou pessoalmente para que pudéssemos fazer um evento com a grandeza desta cerimônia olímpica.

Parabéns à Presidenta Dilma Rousseff e a toda a sua equipe de governo, que trabalharam para organizar os jogos e proporcionar ao Brasil e ao mundo esta oportunidade única de celebrar as potencialidades humanas expressas no esporte, na arte e na cultura.

A festa emocionante que vimos hoje estava pronta quando a Presidenta foi afastada. É lamentável que tenha sido presidida por um usurpador, cujo pálido desgoverno em nada se identifica com a mensagem confiante e generosa com o Brasil e os brasileiros que transmitimos esta noite.

O Brasil desta abertura olímpica é o Brasil democrático. Um Brasil livre, das ruas, de índios, brancos, negros. Um Brasil da cidade e da periferia, dos povos das florestas, da capoeira, dos terreiros. Da diversidade sexual. Brasil que vai de Tom ao funk. De muito samba. É o Brasil de Chico Gil e Caetano, de Elza Soares, D2, Benjor, Paulinho da Viola. Brasil, que se forjou na soma, e não na divisão, que desponta do nosso poder criativo, da nossa capacidade de sonhar e da resistência que temos para dar a volta por cima. Este é o Brasil que prevalecerá.

Parabéns, Dilma, parabéns, Lula e todo o povo brasileiro.

Muito obrigado a V. Exª.

A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – PR) – É linda a carta do Juca Ferreira, do nosso ex-Ministro. Eu acho que tem um reconhecimento muito importante ao esforço do Presidente Lula e da Presidenta Dilma nesse evento que emocionou o Brasil.

Mas há mais: além de ajudar os atletas, de incentivá-los através do Exército e, depois, do Bolsa Pódio, que foi importante a partir de 2012, há também os centros de treinamento olímpico, que foram instalados no Brasil, por exemplo, o centro de treinamento do judô em Lauro de Freitas, na Bahia. Embora as Olimpíadas sejam no Rio, esse centro de treinamento é na Bahia, e ele ajudou a nossa judoca a conquistar o ouro e vai servir para uma importante população da Região Nordeste do País, para que possamos ter outros judocas, outras judocas a conquistar medalhas.

Também, o centro de treinamento do handebol em São Bernardo do Campo; o Centro de Capacitação Física do Exército no Rio de Janeiro; o Centro de Canoagem em Foz do Iguaçu, no meu Paraná; o Centro do Nordeste, em Fortaleza; o Centro Paraolímpico. Isso tudo faz parte do legado deixado das Olimpíadas para o povo brasileiro e que, com certeza, vai ajudar muito o Brasil a ter outros medalhistas e mais medalhistas.

 

Mas não é só isso. Também houve os importantes investimentos em infraestrutura. Na sua cidade, o Rio de Janeiro, Senador Lindbergh, houve o metrô, o VLT, o BRT da Transolímpica. Isso tudo vai ficar para a população do Rio. Foram investimentos importantes na modernização da infraestrutura da cidade.

E mais, o que houve de investimentos, Senador Paim: o Complexo Esportivo de Deodoro, que agora fica com o Exército, mas que vai servir para preparar outros atletas, o complexo esportivo em que estão sendo disputadas as Olimpíadas e que, aliás, não deve nada para nenhum lugar do mundo; nosso Estádio Olímpico, a Arena Olímpica, o Centro Nacional de Tiro, o centro de treinamento de hóquei, o Domínio Comum do Pentatlo, o Centro Nacional de Hipismo. São instalações lindíssimas. Quem está assistindo às Olimpíadas pela televisão vê isso.

Há ainda a Arena Olímpica de Esgrima. Talvez uma das cenas mais bonitas que vi das Olimpíadas tenha sido exatamente a disputa de esgrima, porque fica no escuro, há uma luz especial. Muito lindo.

Então, nós não devemos nada a nenhum país do mundo em termos de instalação.

O Centro Aquático, a Arena de Handebol, o Centro de Tênis. Isso tudo feito em parceira com o Governo do Estado e com a Prefeitura do Rio de Janeiro, mas financiado pelo Governo Federal. O Governo Federal colocou recursos, muitos recursos, para que tivéssemos esse resultados.

As instalações de treinamento também, que atenderam a todos os atletas durante as Olimpíadas; a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que recebeu investimentos; o Campo de Instrução de Gericinó; a Escola de Instrução Especializada; o Grupo de Artilharia do Exército; a Universidade da Força Aérea; o Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes; o Centro de Capacitação Física do Exército; a Escola Naval. Todas essas instituições receberam investimento, que ajudou na realização das Olimpíadas agora, mas que, com certeza, vai servir muito para as próprias instituições e para a população brasileira.

O laboratório antidoping começa a ser referência internacional. Nós fizemos vários convênios com universidades e professores de fora do País.

E o importante de tudo isso é que esses equipamentos olímpicos terão destinação após a realização das Olimpíadas, como, por exemplo, o Parque Aquático. O Parque Aquático vai ser desmontado e distribuído entre várias escolas, não só do Rio de Janeiro, para servir à população.

Então acho que esta preocupação a Presidenta Dilma teve, que era ter as Olimpíadas bem realizadas, para que orgulhassem o Brasil. Também, a de que o Rio de Janeiro pudesse ter seus investimentos, mas que o Brasil como um todo pudesse ser beneficiado pelas Olimpíadas. E nós estamos vendo exatamente isto: o Brasil como um todo está sendo beneficiado pelas Olimpíadas.

Eu só lamento que essas Olimpíadas ocorram em um momento como este, no nosso País, quando está em curso um golpe contra a democracia e que ofusca esse trabalho tão grandioso que o Governo da Presidenta Dilma fez na organização desse evento. Pior ainda é que os jogos tenham sido utilizados ou tentou-se utilizar os jogos para abafar o golpe, como se não houvesse nenhum problema político no Brasil e não se deixasse sequer as pessoas se manifestarem e levarem cartazes para os estádios.

 

Não é verdade que há a proibição de manifestação em eventos esportivos, não, Senador José Medeiros, até porque, na Copa, nós tivemos o maior palco de manifestação contrária, inclusive à Presidenta Dilma. Não houve um ato – um ato –, seja da Polícia Federal, seja do Exército, seja da Polícia Militar, seja da Presidenta ou do Ministério da Justiça, para proibir qualquer manifestação em estádios da Copa do Mundo contra a Presidenta. Eu estava, inclusive, quando a Presidenta abriu a Copa do Mundo, aqui, no estádio de Brasília, em que não só foi vaiada como foi xingada; como havia cartazes nos outros estádios, como havia o “Fora Dilma!”. E ela recebeu isso de uma maneira muito tranquila, porque faz parte da democracia.

Agora, um Presidente interino, ilegítimo, que sequer tem coragem de ter o seu nome anunciado na abertura de um evento, como a Olimpíada; que fala por dez segundos e ganha uma vaia homérica; que tenta proibir as pessoas de se manifestarem, de dizer que aqui não tem um governo ilegítimo e que, na realidade, essa Olimpíada foi construída pelo Governo da Presidenta Dilma, pelo Governo que querem tirar; que este Senado aqui se dá o direito de julgar, mesmo não tendo moral para tanto, porque tem grande parte dos seus membros também denunciada em processos pelos quais estão querendo julgar a Presidenta Dilma.

Então, eu lamento muito isso.

Quero dizer que vamos continuar resistindo, denunciando esse golpe; que nós vamos ter, sim, muitas manifestações populares, como tivemos durante as Olimpíadas. E que isso sirva para sensibilizar esta Casa; que o Senado da República possa ter sensibilidade e saber que aquelas pessoas que se manifestaram, nas Olimpíadas, que as vaias que tiveram não foram apenas vaias simplesmente só contra o Presidente interino, Michel Temer; foram vaias contra o processo que está se desenhando neste País e contra os direitos da população brasileira que estão em risco.

Há um mal-estar, sim, na sociedade. As pessoas sabem que tem alguma coisa de errado. Estão querendo tirar uma Presidenta por crimes que ela não cometeu. Aliás, crimes que o próprio Ministério Público diz que não é crime, como é o caso das pedaladas fiscais, que nós já tanto discutimos aqui, e querem legitimar um Presidente que não tem voto, um Presidente que não tem coragem sequer de se dispor num evento como o das Olimpíadas para enfrentar o clamor da população.

Então, tenho certeza absoluta, Sr. Presidente, Srs. Senadores, que o legado dessas ações do Presidente Lula e da Presidenta Dilma com os grandes eventos, não só com a Copa do Mundo, com as Olimpíadas, que tanto tem orgulhado o povo brasileiro, mas também a Rio+20, o evento do Papa aqui, as Olimpíadas Militares, que nós tivemos, são ações, são eventos que ecoarão na história com os nomes daqueles que realmente os fizeram e têm responsabilidade por eles: o presidente Lula e a Presidenta Dilma.

Muito obrigada, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (José Medeiros. Bloco Parlamentar Democracia Progressista/PSD – MT) – Com a palavra o Senador Lindbergh.

Só esclarecendo, Senadora Gleisi, tanto na Lei da Copa, quanto na das Olimpíadas, a manifestação política não é bem-vinda, segundo esses dois comitês, porque eles entendem que esporte é para integração e que as manifestações políticas locais, seja em que país for, só servem para dividir num momento que seria de integração.

Com a palavra o Senador Lindbergh.

A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – PR) – Só para complementar, Senador, se me permitir… (Fora do microfone.)

A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – PR. Fora do microfone.) – Só para complementar, Senador, se V. Exª me permitir.

 

(Soa a campainha.)

A legislação que dispõe sobre isso não fala de manifestações nesse sentido. Fala de outras coisas. É bom deixar isso claro.

O SR. LINDBERGH FARIAS (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – RJ. Fora do microfone.) – Racismo e xenofobia.

A SRª GLEISI HOFFMANN (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT – PR) – Racismo e xenofobia; não de manifestações políticas.

 

E aqui há que se deixar claro que, na Copa do Mundo, houve manifestação política, mas o governo, em nenhum momento, repreendeu, usou a polícia ou foi contra as manifestações, entendendo que nós vivemos numa sociedade democrática.

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