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Haddad: “Bolsonaro cometeu vários crimes de responsabilidade”

Ex-prefeito de São Paulo reafirma que a saída de Bolsonaro da Presidência da República passa pela pressão da sociedade. A falta de gestão no combate à pandemia é grave. “Estamos tendo mais desemprego e mais mortes do que teríamos se tivéssemos um comando único e legitimado pela atenção às regras de enfrentamento de uma crise”
Haddad: “Bolsonaro cometeu vários crimes de responsabilidade”

Foto: Ricardo Stuckert

O ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da EducaçãoFernando Haddad, avalia que o presidente Jair Bolsonaro cometeu uma série de crimes, tanto contra a democracia quanto contra a saúde pública. Para ele, tais crimes são suficientes para a abertura de um processo de impeachment pelo Congresso Nacional, que levaria ao afastamento definitivo do líder da extrema-direita. Ele avalia, contudo, que o país precisa ser convencido de que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade.

“Nós só entramos com pedido de impeachment depois que o Bolsonaro cometeu um crime de responsabilidade previsto na Constituição, que não dá margem a duas interpretações”, lembrou, em entrevista à BBC Brasil. “Afrontar os poderes da República, afrontar a liberdade de expressão e de organização, são crimes de responsabilidade. Portanto, a partir dali, e faz bastante tempo, nós passamos a considerar o pedido de impeachment”.

Haddad saúda que outros líderes políticos estejam atentos e acordaram ao fato de o presidente atentar contra a Constituição. “Se as forças que elegeram Bolsonaro hoje estão arrependidas pelo que ele está fazendo com o país, isso só reforça o nosso diagnóstico original de que o Bolsonaro nunca teve condições, jamais teria condições de presidir a República”, afirma.

“O PSDB apoiou Bolsonaro, o PDT apoiou o Bolsonaro”, lembra Haddad. “Os três candidatos a governador que foram para o segundo turno do PSDB apoiaram o Bolsonaro no segundo turno”. Ele cita que outros três candidatos a governador que foram ao segundo turno pelo PDT do Ciro também apoiaram o candidato do PSL. “Se essas pessoas agora estão fazendo uma reflexão de que o caráter autoritário do governo impede a sua permanência, eu acho que nós temos que compreender e somar nesse momento”, aponta o ex-prefeito.

Ele condenou a maneira como Bolsonaro vem lidando com a crise sanitária, menosprezando recomendações de médicos e sanitaristas, estimulando aglomerações e violando o princípio do isolamento e distanciamentos sociais. “É um escândalo internacional que está afetando inclusive todo acompanhamento da pandemia, não só pela Organização Mundial da Saúde, mas por várias instituições de ensino e pesquisa que estão oferecendo o que têm de melhor em termos de conhecimento aos Estados nacionais”, disse.

PT protocolou no dia 21 de maio um pedido de impedimento de Bolsonaro, um dos mais de 30 que aguardam análise do presidente da Câmara dos DeputadosRodrigo Maia.

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