Humberto: “Arraes teria votado contra o impeachment”

Humberto: “Arraes teria votado contra o impeachment”

 

Giselle Chassot, com informações do Congresso em Foco

15 de dezembro de 2016/14h21

“Ele teria votado contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e se posicionado contrário às alianças firmadas em 2014”. Ele, no caso, é Miguel Arraes. E o comentário, do líder do PT no Senado, Humberto Costa. A convivência no início da militância política, ainda em Pernambuco e  a convicção de que o ex-governador  não se distanciaria das necessidades da população dão a Humberto esta certeza.

Se estivesse vivo, Miguel Arraes completaria cem anos nesta quinta-feira (15). E, pela avaliação do também pernambucano Humberto, jamais teria endossado a posição da Executiva Nacional do PSB, que se colocou a favor do afastamento da presidenta. Vale lembrar que, ainda assim, os senadores Lídice da Mata (BA) e João Capiberibe (AP) votaram contra o golpe na sessão de 31 de maio, quando a presidenta foi cassada.

Companheira de partido, a senadora baiana Lídice da Mata (PSB-BA) escreve, em artigo publicado originalmente pelo site Congresso em Foco, que Arraes foi muito mais que um político. “Foi, essencialmente, um inspirador de várias gerações”. Como Humberto, Lídice conviveu de perto com  o político pernambucano.

Arraes entrou para a vida pública pelas mãos de Barbosa Lima Sobrinho .Os dois foram colegas no antigo Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Miguel Arraes foi deputado estadual, federal, prefeito do Recife e governador de Pernambuco. Em sua primeira experiência no Palácio das Princesas, em 1962,  e implantou programas na área de educação e no setor rural. O “Acordo do Campo”, assinado em seu gabinete, teve como princípio a implantação da justiça na relação trabalhista entre canavieiros e donos de usinas, fortalecendo as Ligas Camponesas e a organização popular.

Não aceitando se render ao autoritarismo, resistiu ao golpe militar de 1964 junto ao seu colega governador dos gaúchos, Leonel de Moura Brizola. Foi deposto e preso na Ilha de Fernando de Noronha, sendo depois obrigado a abandonar o país justamente por esse ideal, ao qual se manteve coerente durante toda sua trajetória política.

Acabou indo para a Argélia, com sua esposa e seus dez filhos ainda pequenos, vivendo as duríssimas dificuldades de tantos brasileiros e brasileiras expulsos de seu país por um regime infame.

Com a anistia, em 1979 volta ao Brasil literalmente nos braços do povo, quando uma festiva multidão o recebeu no Aeroporto de Recife cantando “Arraes taí!”. Refundou o PSB em 1990 (o partido de Arraes havia sido extinto pela ditadura) e tornou-se seu presidente e maior liderança.

 Era assim que ele  mesmo se definia: “Nunca me preocupei com rótulos. O rótulo de radical, conciliador, não tem nenhum sentido para mim, como não tinha sentido me chamarem de comunista no passado. O que importa é a prática política. O que importa são os posicionamentos que se tomam ao lado de determinadas camadas sociais em defesa de teses que interessam à nação como um todo”.

 

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