Risco Bolsonaro

Bolsonaro, incompetente até para vender o Brasil, diz Humberto

“Esse leilão foi um fracasso para o governo e um sucesso para o interesse do povo brasileiro”, resume o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE)

senador Humberto Costa leilão do pré-sal

Bolsonaro, incompetente até para vender o Brasil, diz Humberto

Foto: Alessandro Dantas

A confiança faltou ao encontro. As grandes petroleiras não se apresentaram para o leilão dos blocos de exploração de petróleo dos excedentes da chamada cessão onerosa, realizado na última quarta-feira (6). Das quatro áreas em oferta, apenas duas foram arrematadas — ambas pela Petrobras, que em um dos blocos tem parceria com duas empresas chinesas, que respondem por 10% do consórcio.

“Esse leilão foi um fracasso para o governo e um sucesso para o interesse do povo brasileiro”, resume o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). Anunciada como “megaleilão do pré-sal”, a venda dos excedentes da cessão onerosa prometia ser uma entrega a preço de banana de pelo menos 10 bilhões de barris. Os quatro blocos ofertados, avaliados em R$ 1,3 trilhão, foram colocados à venda por R$ 106,5 bilhões.

Apesar dos preços de liquidação, o governo arrecadou apenas R$ 69,96 bilhões com os dois blocos arrematados. Das quatro áreas oferecidas, duas não receberam qualquer oferta e as arrematadas pela Petrobras e participação minoritária das petroleiras chinesas tiveram oferta única.

Incompetente
“Bolsonaro é incompetente até para vender o Brasil”, ressalta o líder petista. “Há muito tempo não temos um governo tão instável como este, que não oferece segurança nenhuma para quem quer investir no País”.

“Embora 14 empresas tenham sido habilitadas para participar da disputa, o leilão foi marcado pela falta de interesse e desistência das grandes petroleiras estrangeiras”, reconheceu o jornal O Globo, um entusiasta da entrega do pré-sal aos estrangeiros. “Se não fosse a Petrobras —aquela empresa que dizem que está quebrada —, o fracasso teria sido completo”, aponta o senador Humberto.

Risco Bolsonaro
A explicação é que a tão propalada “confiança” que o governo quer despertar nos investidores estrangeiros não será conquistada com medidas que esmagam a maioria da população. “Ao contrário de atrair investidores, como alegavam ao defender a reforma da previdência e a reforma trabalhista, o Brasil está transmitindo insegurança”, avalia o senador Jean Paul Prates (PT-RN).

Prates, que é especialista na área de petróleo e gás, lembra que qualquer analista de uma grande empresa é capaz de prever a instabilidade social e política — e, consequentemente, econômica — que o arrocho impiedoso é capaz de gerar em um país. “Atividades de petróleo se desenvolvem ao longo de trinta, quarenta anos”, países instáveis não são atraentes.

Prates alerta para a crescente desconfiança internacional em relação ao ambiente institucional do Brasil. As ameaças reiteradas do presidente da República e de seus filhos à ordem democrática e aos demais poderes da República — como as campanhas das milícias digitais contra parlamentares e até ao Supremo Tribunal Federal—têm um preço também no campo da economia.

Preocupação com o futuro
“Diziam os que os investidores iam pular de alegria [com as reformas e retiradas de direitos] e todos iam vir para o Brasil, mas todos veem o que se tornou o Chile e outros países. Quando o massacre da base da pirâmide é demais, acentua a desigualdade, um dia explode”, lembra o senador Prates.

A avaliação do senador petista coincide com a do jornal britânico Financial Times — que nem Bolsonaro conseguiria classificar como “mídia de esquerda”. O diário classificou o leilão do pré-sal como “um fracasso”, apontando os “preços altos, regras complexas e preocupação sobre o futuro do país” como causa do fiasco.

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