Com a revelação das relações promíscuas do julgador Sérgio Moro com os responsáveis pela acusação nos processos da Lava Jato, o ex-juiz e hoje ministro de Bolsonaro perdeu a autoridade moral e política para permanecer no cargo e deveria pedir demissão, afirma o Líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE).
“Sergio Moro agora é um espectro na Esplanada que assombra o Planalto. Está isolado diante da imensa promiscuidade constatada”, avalia Humberto, que também defende o afastamento dos procuradores da Lava Jato flagrados em conluio com o ex-juiz, conforme revelado pelo site de notícias The Intercept, no último domingo (9).
Jogo combinado
A divulgação das conversas entre Moro e os procuradores da Lava Jato comprova “a quebra de um dos institutos básicos do Estado de Direito”, aponta o senador.
“O julgador coordena e orienta o Ministério Público em todas as etapas. Manda substituir procuradores em audiência, orienta como rebater argumentações dos defensores de réus, cobra operações policiais, indica alvos dessas operações, indica o que deve ser ou não vazado para a mídia, opina sobre procedimentos da acusação”.
Ataque ao Estado de Direito
Para Humberto, o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está comprometido pela “ação combinada e criminosa” entre julgador e acusadores. Ele alerta, porém, que esse é apenas um aspecto das irregularidades que vieram à tona.
O que foi atacado e violado pelo conluio de Moro com os procuradores foram as liberdades democráticas e as garantias individuais asseguradas na Constituição. “A Lava Jato se colocou acima do Estado de Direito e isso a feriu de morte”, resume Humberto.
“O tiro fatal contra a Lava Jato foi disparado de dentro dela, quando o mecanismo ilegal de funcionamento da operação foi exposto na fala de seus principais protagonistas”.