Humberto: PSDB tem de rechaçar a a violência e priorizar o diálogoAs cenas de violência promovidas pela Polícia Militar do Estado do Paraná contra professores da rede pública estadual, na quarta-feira (29), foram destaque em jornais do Brasil e do mundo. Os docentes foram alvo da força desmedida dos policiais quando protestavam contra um projeto bancado pelo governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), que muda as regras do regime de Previdência Social dos servidores paranaenses. Durante discurso ao plenário, nesta quinta-feira (30), o senador Humberto Costa (PT-PE) cobrou que os representantes do partido do governador paranaense condenem os atos de barbárie.
“Me parece absolutamente razoável cobrar das lideranças tucanas que façam uma condenação ampla do mesmo nível em que procuram condenar, pelas mais diferentes razões, o governo do PT. Que o façam em relação ao governo do Estado do Paraná”, disse Humberto.
O petista criticou especialmente a ausência de manifestações sobre o tema do candidato derrotado à presidência, senador Aécio Neves (PSDB-MG). “Causa-me espécie o fato de que o novo paladino da luta dos trabalhadores, de que o defensor dos direitos da população trabalhadora brasileira, de que o defensor-mor da democracia no Brasil, o candidato derrotado Aécio Neves, não veio hoje a esta tribuna, sequer ao Parlamento, para explicar o modus operandi do PSDB no que aconteceu ontem no Estado do Paraná”.
O projeto proposto por Richa estava sendo votado em segundo turno pela Assembleia Legislativa do Estado quando o confronto desmedido ocorreu. A administração estadual enfrenta problemas de caixa e a estimativa é que essas mudanças, que foram aprovadas, vão representar uma economia de R$ 125 milhões por mês. Para os servidores do Paraná, no entanto, as novas regras comprometem a saúde financeira da ParanaPrevidência, fazendo com que, com o tempo, a instituição tivesse mais a pagar do que a receber.
Humberto lembrou que Aécio, por diversas vezes, chamou a presidenta Dilma de “antidemocrática” e criticou as medidas provisórias editadas pelo Governo Federal com o objetivo de corrigir distorções nas legislações trabalhista e previdenciária.
“Imaginem o governador dele no Paraná, que lhe deu maioria de votos na eleição passada, arrancar recursos do fundo de pensão da previdência dos trabalhadores para poder pagar a previdência de outros trabalhadores”, disse o petista.
Defesa do diálogo
Quando Humberto chamou o PSDB para tentar “defender o indefensável” – ou seja, a violência usada pela PM contra trabalhadores –, o senador tucano Aloysio Nunes (SP) pediu a palavra. Nunes alegou que os professores tentaram impedir a votação do projeto de lei. Ele acrescentou que o PT “passa a mão na cabeça de pessoas que usam da violência para promover seus interesses políticos”.
Em resposta, Humberto lembrou a forma como o PT e o PSDB resolvem conflitos. “Foi uma utilização descabida e exagerada dos mecanismos de repressão contra um grupo de trabalhadores que, certamente, poderiam querer ocupar a Assembleia Legislativa. Nós [do PT] não somos favoráveis a isso, mas entendemos que não é da maneira como o governo do Paraná enfrentou os grevistas que se deve construir o entendimento e construir a ação democrática do governo. Ao contrário, o Governo Federal procurou, inclusive, intermediar, ajudar, dar apoio”, disse Humberto.
A pedido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, tentou dialogar com Richa para que negociasse com os manifestantes ou que suspendesse a repressão. Porém, o governador informou ao ministro que não cessaria e que a ação policial continuaria.
O petista ainda condenou o governador paranaense pelas declarações aos jornais, na quarta. Richa defendeu as ações da PM no confronto com os professores e chegou a acusar o PT e a CUT de inflamarem os manifestantes contra os policiais.
“O PT tem o compromisso que sempre foi pautado pelo diálogo, pela valorização dos trabalhadores, pelo respeito às minorias e por um Brasil mais justo. Não nos movemos por interesses temporários e por discursos frouxos que não se sustentam. Os nossos ideais estão aí há muito tempo e seguiremos com eles até o fim”, afirmou o senador.
Carlos Mota