Roberto Stuckert Filho

Apesar dos desafios, Humberto Costa assume a presidência interina do PT com "muita alegria e muita honra"
O senador Humberto Costa (PT-PE), presidente interino do Partido dos Trabalhadores, destacou, em entrevista à jornalista Fernanda Otero, publicada na mais recente edição da revista Focus Brasil, a importância da unidade partidária e a necessidade de fortalecimento das bandeiras populares na preparação para o Processo de Eleição Direta (PED) 2025. O mecanismo interno definirá os novos dirigentes da legenda em todas as instâncias – municipal, estadual e nacional. Além disso, o senador reforçou a defesa de pautas como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, o fim da jornada de trabalho no modelo 6×1 e a punição a Bolsonaro e aos golpistas de 8 de janeiro.
Presidente interino
Costa assumiu interinamente a presidência do PT após a saída de Gleisi Hoffmann, nomeada para a Secretaria de Relações Institucionais do governo Lula. “A nossa grande tarefa será construir um processo de eleição direta bastante legítimo e, ao mesmo tempo, bastante unificado”, afirmou. E lembrou que, apesar de ter ficado feliz com a missão, ela é temporária e foi aceita para “ajudar a unificar o partido e garantir que o PT se mantenha forte em 2026”
O presidente interino também chamou atenção para a relevância do Nordeste dentro do PT e para a contribuição da região no fortalecimento do projeto nacional da legenda. “O Nordeste tem sido, em várias eleições, a região onde conseguimos nossos melhores índices, onde governamos quatro estados e promovemos grandes mudanças”, pontuou. Para Costa, sua nomeação e a consideração do nome do deputado José Guimarães (PT-CE) para o cargo são reflexos do peso que a região tem para o partido.
Presidente nacional do PT, Humberto Costa lista prioridades do novo desafio
Isenção do IR e mobilização popular
Uma das bandeiras centrais defendidas por Humberto Costa é o projeto do governo de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais. “A proposta atingirá boa parte da classe média, atendendo às classes trabalhadoras, e será financiada pela ampliação da contribuição dos mais ricos”, explicou.
O senador também reconheceu os obstáculos que a medida pode enfrentar no Congresso. “Eu entendo que teremos dificuldade”, afirmou. “Uma boa parcela do parlamento e as elites do país não querem contribuir para que políticas públicas importantes continuem a ser implementadas”. No entanto, mostrou confiança na movimentação social como forma de influenciar o Legislativo. “Acredito que, se nos mobilizarmos e formos para as ruas, isso ajudará na aprovação dessa proposta justa”, completou.
Escala 6×1
Outro ponto central na agenda do PT e de Humberto Costa é a defesa da redução da escala 6×1, modelo que exige seis dias de trabalho para um dia de descanso. Ele argumenta que a mudança garantirá mais qualidade de vida aos trabalhadores e reforçará o compromisso do partido com os direitos laborais.
“É uma maneira de dar mais qualidade de vida aos trabalhadores e às trabalhadoras formais que poderão dedicar mais tempo às suas famílias, ao estudo ou até mesmo à realização de alguma atividade remunerada esporádica”, afirmou.
Humberto Costa: PED deve ser processo de mobilização nacional para 2026
Punição aos golpistas
Sobre os atos pró-Bolsonaro realizados em São Paulo e no Rio de Janeiro, no domingo, 16 de março, Costa analisou o fracasso dessas mobilizações. Embora a extrema-direita tenha buscado alavancar um movimento contra o governo Lula, os atos não atingiram a expectativa de pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) para um julgamento favorável ao ex-presidente. “Acho que o objetivo foi frustrado. A população percebe que Bolsonaro e aqueles líderes militares que o acompanhavam nessa tentativa de golpe têm responsabilidade”, afirmou.
O senador lembrou que, apesar da aparente queda de fervor no bolsonarismo, o movimento ainda mantém uma base fiel. Contudo, ele acredita que a maioria da população está comprometida com a preservação da democracia. Segundo ele, “a ausência de muita gente nesses atos é uma demonstração cabal de que não há apoio suficiente para essas medidas poderem prosperar”.
Sustentação ao governo
Ao longo da entrevista, o senador também frisou a importância da sintonia entre o partido e o governo federal. Ele garantiu que o PT manterá seu papel de sustentação às políticas do presidente Lula e buscará estreitar a interlocução com os movimentos sociais e a militância. “Nossa principal preocupação será viabilizar o diálogo e garantir o apoio do partido às políticas do governo”, destacou.
Em um cenário político complexo, a liderança de Humberto Costa oferece uma visão de futuro para o PT, alinhando-se com as necessidades da classe trabalhadora e o fortalecimento das políticas sociais. O caminho para 2026 será trilhado com a unidade do partido e o engajamento da população, com o objetivo de avançar em defesa da democracia e da justiça social.
Humberto: “Estamos cumprindo o programa que apresentamos à sociedade brasileira