Humberto Costa na CPI do Cachoeira: só queremos saber a verdade

Comissão recebeu mais de 200 pedidos para abertura de sigilos, convocações, além de acesso a arquivos de computadores.

Humberto Costa na CPI do Cachoeira: só queremos saber a verdade

Sem os depoimentos dos procuradores da República Daniel Salgado e Léa Batista de Oliveira, que deverão ocorrer depois de 31 de maio, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as relações do bicheiro Carlos Augusto Ramos – o Carlinhos Cachoeira – se reuniu nesta quinta-feira (17/05) para votar requerimentos. No total, a Comissão recebeu mais de 200 pedidos para abertura de sigilos, convocações – inclusive dos governadores de Goiás, Marconi Perillo e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz -, além de acesso a diálogos travados entre supostos envolvidos no esquema e a arquivos de computadores.

O grande debate entre os parlamentares foi a questão da convocação do jornalista da Revista Veja, Policarpo Júnior. Alguns viram desrespeito à liberdade de imprensa nas suspeitas lançadas sobre o editor da revista. Outros defenderam a necessidade de se saber tudo sobre os fatos. Ao final da discussão ficou decidido que a CPI mista irá separa todos os diálogos com o contraventor Cachoeira, sejam eles com políticos, empresários ou jornalistas.

Ponderado, o senador Humberto Costa (PT-PE), que, além de médico é jornalista, defendeu a liberdade de imprensa. “A liberdade de imprensa nunca foi tão ampla no Brasil como agora. Não é isso que está em debate na CPI”. Disse que ela é uma conquista do povo brasileiro e que o princípio norteou os governos Lula e Dilma Rousseff. Entretanto, disse que a República Brasileira não pode se conformar em ter pessoas inatacáveis. “Aqui não se está discutindo liberdade de imprensa. O jornalista está sendo convocado a depor? Não. E ele não está tendo seus sigilos quebrados. O que se está pedindo aqui é que se reúnam, num conjunto de informações que já estão disponíveis à essa CPI, dados que são relevantes”, explicou.

Humberto deixou claro que não pediria a convocação de Policarpo Júnior nesse momento, porque se houver uma relação considerada promíscua entre o jornalista e o bicheiro, “esses fatos aparecerão”, justificou. De todo modo, para o senador, que é relator do caso Demóstenes no Conselho de Ética, “é necessário saber que tipo de relação se estabeleceu, porque delegados afirmaram que houve uma relação de troca entre um jornalista e um contraventor. Essa é que é a questão que está colocada e sobre a qual precisamos nos debruçar”.

Ele concluiu. “Não se está aqui a julgar a imprensa. Queremos quer saber se essa é uma relação aceitável ou se alguém estava cumprindo tarefas com interesses escusos para uma organização criminosa, ainda que não houvesse essa intenção. “Se confirmarmos que a relação que se estabeleceu entre jornalista e fonte era absolutamente republicana, estaremos dando um atestado de idoneidade ao jornalista. Então, pergunto, por que tanto medo”?, questionou.

Logo no início da sessão, o plenário aprovou o encaminhamento de um requerimento ao ministro Ricardo Lewandowski para a revogação do sigilo imposto aos inquéritos das Operações Vegas e Monte Carlo.

Giselle Chassot e Catharine Rocha
 

Ouça o que disse o senador Humberto Costa
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